segunda-feira, 11 de julho de 2016

"Já avisei a família que só vou dia 11 para Portugal"

      A frase podia ter vários sentidos, mas há quem já a considere profética.

     Assim falava o treinador de futebol da seleção de Portugal, Fernando Santos, que, pouco tempo depois de chegar a França para o Campeonato Europeu de Futebol, podia simplesmente referir-se ao facto de, independentemente do resultado da equipa portuguesa, ficar em Paris para assistir ao jogo final. Hoje, com Portugal como campeão europeu, diz-se que o enunciado foi profético.
     A verdade é que, no final de uma sequência de empates iniciada frente à Áustria (15 de Junho), não se antevia aquela que se se diz ter sido uma convicção premonitória do treinador / selecionador para o Euro2016. O facto é este: com ou sem sorte, com ou sem acaso, a certeza das coisas é a de hoje se celebrar o regresso dos campeões europeus de futebol ao país, com o primeiro dos títulos de topo internacional da seleção nacional (há quem popularmente diga "com o caneco", em vez da taça). Recebidos como heróis, com cânticos do hino ou da "minha alegre casinha" (na versão dos Xutos & Pontapés), jogadores e equipa técnica são saudados com o maior dos orgulhos e condecorados com o título de "comendador".
    O fim de semana foi pródigo em sucessos desportivos: José Ramalho venceu a prova de K1 em Pontevedra (Espanha) sábado passado; Sara Moreira sagrou-se campeã da Europa na meia-maratona das provas de atletismo de Amesterdão, o mesmo acontecendo com Patrícia Mamona no triplo salto; Portugal vence coletivamente a prova da Taça da Europa feminina em aletismo. Nem por sombras foram projetados como os futebolistas - evidência daquele que se diz ser o "desporto rei".
    Por todos, há quem diga que se cumpriu Portugal, evocando a alterando "O Infante" de Mensagem (Fernando Pessoa):

"Deus quer, o homem sonha, a obra nasce. 
Quem te sagrou criou-te português. 
Do mar e nós em ti nos deu sinal. 
Cumpriu-se o mar e o Império se REFEZ
Senhor, CUMPRIU-SE Portugal!"

    Pelo evento futebolístico, relembro as palavras camonianas que fecham a dedicatória de Os Lusíadas

"Fazei, Senhor, que nunca os admirados
Alemães, Galos, Ítalos e Ingleses,
Possam dizer que são pera mandados,
Mais que pera mandar, os Portugueses." 

                                          
(canto X, estância 152)


      Proféticas ou não, as palavras ditas cumpriram-se neste dia, que também valeu pelo momento vivido ontem. Desde então, os Galos ficaram com um valente galo, já que o nosso galo de Barcelos deu um ar da sua graça. Aos restantes vencedores nacionais, saiba-se que não foram menores para o orgulho nacional.

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