terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Toca a andar!

        Em tempos em que apetece parar, ainda há quem esteja preocupado com 'andar'.

        Para a pergunta vinda, ponho já a resposta a andar.

        Q: Há alguma hipótese de considerar o verbo 'andar' como um verbo copulativo?

        R: Naturalmente que sim.
        Trata-se de um verbo com grande versatilidade em termos de classificação. Desde logo, a oposição verbo auxiliar / verbo pleno é um dado a considerar. No primeiro caso, 'andar' antecede o verbo principal (mediado por preposição) e associa-se a uma natureza temporal-aspetual evidente, encarada pela sua iteratividade ou duração num dado intervalo de tempo:

     i) Ultimamente, os jovens andam a ver muitos filmes violentos.

        No segundo, o de verbo pleno, está em causa um verbo com o traço semântico de movimento:

       ii) Andei cerca de três quilómetros, hoje.

       A realização enquanto verbo copulativo faz com que 'andar' associe ao sujeito sintático uma propriedade / caracterização (sintaticamente tomada como predicativo do sujeito):

      iii) Os alunos andam distraídos com coisas que não interessam para nada.

          De referir que o sentido durativo e repetitivo (num intervalo temporal) é um traço aspetual comum às três realizações (auxiliar, pleno, copulativo), até pelo que se implica no sentido do verbo pleno (ii), enquanto atividade levada a cabo em diferentes fases / etapas / passos (que não só apenas dados com os pés).

        Assim sendo, faz-se caminho ao andar (verbo pleno); mas para quem anda cansado (copulativo) parece que se anda a fazer tudo (auxiliar) para retardar o descanso. Toca a andar para lá chegar o mais depressa possível! Onde? Ao descanso, claro está!

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