sexta-feira, 7 de setembro de 2018

De quem ou de onde tanto faz!

       Desde que seja grito!

       Acabaram-se as férias. Não sei se por cansaço (já!) se por falta de vontade, ou ainda por não ter entrado no ritmo que se impõe, a chegada do primeiro fim de semana pós-retoma do trabalho está a revelar-se como o 'grito do Ipiranga'. Quando dizia isto, alguém perguntava: "De quem?".
       Pois... isto de utilizar referências ou expressões que nem todos dominam pode comprometer a comunicação. No caso, deu lugar a explicação, começando pela reformulação da pergunta "De quem?" para "De onde?". Não se trata de alguém, mas de um lugar, junto às margens de um rio - Ipiranga -, onde aconteceu o que ficou conhecido como a declaração de independência do Brasil, em 1822. Os universos de referência ou conhecimentos de mundo determinam os efeitos comunicativos - assim o diz a pragmática. A História também ajuda.
       O universal (só para alguns) "Independência ou morte", proferido pelo então príncipe regente D. Pedro do Brasil (a governar em nome do seu pai, o rei D. João VI), fez-se ouvir no centro da atual cidade de S. Paulo, onde corria um pequeno "rio vermelho" (na língua tupi 'Ipiranga').

Independência ou Morte, do pintor paraibano Pedro Américo 
(óleo sobre tela, 1888).

     Facto ou lenda, o grito associa-se ao dia de hoje, considerado feriado nacional no Brasil e celebrado, oficialmente, como o Dia da Independência. Três anos demorou o reconhecimento da independência da colónia pela metrópole (entre 1822-25). Digamos, contudo, que o grito teve o seu efeito.

     Vem o fim de semana - só dois dias; não vou ficar independente do trabalho, inclusive neste curto período de tempo de suposto descanso. Ainda assim o grito de libertação resulta em alívio, face a "essenciais", "flexibilização", despachos e decretos surgidos em período de férias para lançar o arranque de mais um ano letivo.

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