quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Doutor de ossos não é doutor de língua

      Pudera (não é ela um osso!), mas escusava de levar-se a asserção tão à letra.

      Comentar o programa televisivo 'Joker' (RTP1) está a tornar-se um hábito.
   Desta feita, é por razões ligadas ao concorrente, não tanto a quem concebe o concurso ou a coincidências vividas por quem o acompanha. À quinta questão da emissão de hoje, o participante faz a escolha que não o liberta da condição de zero euros:

A imagem da escolha polémica: programa Joker (RTP1) hoje difundido

       Eliminadas as hipóteses do absurdo, ficam as que resistem até ser bloqueada... a errada. A cara de insatisfação / preocupação do concorrente é ainda marca da incerteza, quando a resposta já se encontrava no enunciado da instrução: assistir está para assessor (tal como acessorista está para acessórios); já 'acessor' é palavra inexistente no português.
        Devia estar na cabeça do concorrente que 'acessor' é o que dá 'acesso' a alguma coisa (neste caso, ao auxílio, à assistência). Contudo, nada há de mais errado, não sendo possível, por isso, acesso a qualquer prémio, dado o desconhecimento da língua.
       Talvez fosse necessário saber latim, e concluir que 'assessor' vem da grafia latina 'assessor, -oris'; não é preciso ser doutor de língua(s), para saber escrever bem as palavras, na lógica do falante e utilizador comum (não tão comum, se pensarmos na formação exigida a um médico) de uma língua (nomeadamente, a materna). É preciso atentar apenas em casos críticos da ortografia ou na família de palavras, o que permite ver 'assessor' a par de 'assessorar', 'assessorado', 'assessoria', 'assessorial', 'assessório' (bem distinto de 'acessório', por mais que a homofonia exista neste último caso). A morfologia é assessora válida no acesso ao conhecimento ortográfico. 

       Se *'acessor' não dá acesso a nada (por não existir), ao menos o 'assessor' assiste (no sentido de auxilia).

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