quinta-feira, 25 de julho de 2019

Não há descanso que aguente!

     Terminado mais um ciclo de formação, diria que é tempo do descanso do(s) guerreiro(s).

     Chegar a casa e descansar são do melhor que há quando se cumpre mais um objetivo e se fecha um ciclo de formação, um projeto no qual muitas energias foram investidas para que tudo corresse pelo melhor. E assim parece ter sido, a julgar pelas reações, pelos trabalhos apresentados, pelas solicitações feitas.
        Numa sessão em que também se focou o relevo a dar ao discurso pedagógico - nomeadamente, na formulação de instruções precisas para a revisão textual que se impõe como uma das fases implicadas na pedagogia da escrita -, acaba por ser uma infeliz coincidência ouvir / ler na televisão algo que, por mais que se perceba, não deixa de ser uma questão mal construída para um concurso televisivo destinado a pessoas inteligentes / argutas / astutas. Fosse eu e diria que sabia o que queriam (sem me querer colocar garantidamente na posição destas últimas), mesmo que a pergunta não fosse a devida. Não corresponde, definitivamente, ao que é pretendido. E lá se foi o sossego!
    Contra a imagem não há argumentos (até porque a primeira resulta também em facto indesmentível, para quem quiser aceder ao programa difundido):

Imagem do programa "Joker", difundido na RTP1, pelas 21:45 
(agradecimento da foto à ARS)

        A resposta do concorrente também pode não ser feliz (perguntando o que tal será e associando 'hiato' a um buraco [o que até podia ser, num sentido de espaço / intervalo entre duas gerações, por exemplo], a uma folha [estranho!] e a uma janela [talvez... entre o exterior e o interior]); porém, quem, num concurso, faz as perguntas tem de assumir algum rigor e qualidade no que questiona, de forma a que não haja ruído face à resposta intendida. E pergunta o locutor Vasco Palmeirim: "E que hiato é este?" Na verdade pode haver mais do que um, mas o que se quer está na palavra; não é a palavra. As palavras não se classificam como hiatos ou não-hiatos. Elas contêm ou não hiatos, ou seja, e respetivamente, sequências de vogais que constituem sílabas distintas ou sequências de vogais que resultam em ditongos. Há hiato quando duas vogais se pronunciam em sílabas diferentes (como em 'raiz' - [ra][iz], 'país' - [pa][ís], 'ainda' - [a][in][da], por oposição a 'pais' [pais], 'leis' [leis] ou 'água' [á][gua]).
     Deste modo, tinha a interrogação de respeitar o seguinte enunciado: "Qual destas palavras apresenta / contém / é constituída por um hiato?"

     Uma coisa é ser; outra é ter ou ser constituída por. Um exemplo (mais um) de como os concursos mereciam alguma regulação linguística antes de irem "para o ar". Este "joker" merecia que saltasse um "palhaço" entre o concorrente e o apresentador, com riso histriónico a dizer "Asneira! Burrice! Asnice!" ou (por oposição à habitual 'resposta corretíssima')"Pergunta incorretíssima!"

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