segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O Outro (Português e Brasil de mãos dadas)

       As palavras são de um português; a música de uma brasileira. Em comum a língua e o Homem.

      Pessoa dizia, de Mário de Sá-Carneiro, que não teve biografia, só génio; que viveu o que disse. O companheiro pessoano no Modernismo, que se autocaracterizou como um "castrado de alma", explorou o tema da angústia até ao final da vida, à qual pôs término com apenas 26 anos. 
      A ideia do Eu e do Outro tornou-se tema para expressão do desconhecimento face à representação de si mesmo; da aspiração à diferença do ser na existência; da partilha angustiada e entediada "do que está ao pé".


    Eu não sou eu nem sou o outro,
    Sou qualquer coisa de intermédio:
    Pilar da ponte de tédio
    Que vai de mim para o Outro.
Lisboa, Fevereiro de 1914

    Quatro versos para um narcisismo sacrificado a ponto de, tal como na expressão de Plauto - em Báquides (IV, 7-18) -, morrer jovem o que os deuses amam. Não tinha de necessariamente ser assim.
    

1 comentário:

  1. Tudo Belo, Verdade e Bem - (lido) em domingo de Sol.

    Obrigada. Continuação de boas Viagens!

    Dolores

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