Em tempos cinzentos escuros, de tanta crise, é preciso cor.
Se nos anos sessenta do século XX havia a expectativa e nada mudava; se hoje se espera e pouco ou nada se alcança, o tempo repete-se.
Também nos anos sessenta, Luís de Stau Monteiro, no seu Felizmente Há Luar!, punha na voz dos populares a frustração face às mudanças que não aconteciam. E na ânsia ou no temor da liberdade, lá figuram os interesses relacionados com a música:
Sequência de slides sobre Felizmente Há Luar! - Entre o tempo representado e o(s) tempo(s) transposto(s)
produção de Vítor Oliveira
E ainda nos anos sessenta Fernando Lopes Graça e José Gomes Ferreira conjugaram a música e a poesia, para um "Acordai" que é um dos mais belos exemplares das cantigas de intervenção da história nacional.
Exibição do Coro de São Domingos
ACORDAI
Acordai
acordai
homens que dormis
a embalar a dor
dos silêncios vis
vinde no clamor
das almas viris
arrancar a flor
que dorme na raiz
Acordai
acordai
raios e tufões
que dormis no ar
e nas multidões
vinde incendiar
de astros e canções
as pedras do mar
o mundo e os corações
Acordai
acendei
de almas e de sóis
este mar sem cais
nem luz de faróis
e acordai depois
das lutas finais
os nossos heróis
que dormem nos covais
Acordai!
Era tempo... melhor... É tempo de não só nos livrarmos de quem nos (des)governa mas também nos recordarmos de quem nos colocou neste desgoverno - duas faces para uma mesma moeda ou, então, muitas caras que não nos têm dado nenhuma moeda em troca. Só no-la tiram.
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