sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Acordai... e... a cor dai

       Em tempos cinzentos escuros, de tanta crise, é preciso cor.

      Se nos anos sessenta do século XX havia a expectativa e nada mudava; se hoje se espera e pouco ou nada se alcança, o tempo repete-se.
     Também nos anos sessenta, Luís de Stau Monteiro, no seu Felizmente Há Luar!, punha na voz dos populares a frustração face às mudanças que não aconteciam. E na ânsia ou no temor da liberdade, lá figuram os interesses relacionados com a música: 


Sequência de slides sobre Felizmente Há Luar! - Entre o tempo representado e o(s) tempo(s) transposto(s) 
produção de Vítor Oliveira

     E ainda nos anos sessenta Fernando Lopes Graça e José Gomes Ferreira conjugaram a música e a poesia, para um "Acordai" que é um dos mais belos exemplares das cantigas de intervenção da história nacional.

Exibição do Coro de São Domingos

       ACORDAI

Acordai
acordai
homens que dormis
a embalar a dor
dos silêncios vis
vinde no clamor
das almas viris
arrancar a flor
que dorme na raiz

Acordai
acordai
raios e tufões
que dormis no ar
e nas multidões
vinde incendiar
de astros e canções
as pedras do mar
o mundo e os corações

Acordai
acendei
de almas e de sóis
este mar sem cais
nem luz de faróis
e acordai depois
das lutas finais
os nossos heróis
que dormem nos covais
Acordai!
     
       Era tempo... melhor... É tempo de não só nos livrarmos de quem nos (des)governa mas também nos recordarmos de quem nos colocou neste desgoverno - duas faces para uma mesma moeda ou, então, muitas caras que não nos têm dado nenhuma moeda em troca. Só no-la tiram.

Sem comentários:

Enviar um comentário