quinta-feira, 13 de maio de 2010

Entre auxiliares e principais... ficam-se os verbos

      Na base de uma questão formulada a propósito do apontamento de 1 de Abril, já lá vai mais de um ano.

Q: Se por acaso tivéssemos como exemplo 'O Pedro deseja ir à festa', 'O Pedro deve ir à festa', qual seria o meu verbo principal? E por que razão?

R: Com o primeiro exemplo, o verbo principal é ‘deseja’; com o segundo, ‘ir’.
     Na primeira frase, o que está em questão não é um complexo verbal, mas sim uma estrutura sintáctica que pode ser parafraseada da seguinte forma: o Pedro deseja alguma coisa (o verbo ‘desejar’ é, no caso, um transitivo directo; ou seja, um verbo que selecciona um complemento directo). Essa 'alguma coisa', por sua vez, está representada por uma subordinada infinitiva que tem como verbo principal 'ir'. Este último, contudo, não deixa de estar dependente da frase-matriz ou sequência subordinante (na qual 'deseja' é o núcleo superordenado).
     Na segunda frase, há um complexo verbal (verbo auxiliar ‘dever’ seguido do verbo principal ‘ir’). Descontextualizada que está a frase, admitem-se duas leituras possíveis: uma, afirma-se a probabilidade de o Pedro ir à festa (entendendo-se o verbo ‘dever’ como auxiliar modal, na expressão da probabilidade); outra, indica-se a obrigatoriedade de o Pedro ir à festa (com o verbo ‘dever’, agora, a ser tomado como um auxiliar modal de obrigação).
     A propósito de questões de auxiliaridade, é possível recuperar o apontamento anterior, no qual já se havia abordado o tópico do complexo verbal e o dos verbos auxiliares. Os exemplos aí propostos (frase ii mais o segundo enunciado de 1) aproximam-se, respectivamente, do que se pretende com as duas frases aqui indicadas (antes na perspectiva de identificação dos verbos auxiliares; agora, na dos principais). Pela aplicação de testes aí explicitados para se distinguir o tipo de verbo, chegar-se-á à conclusão construída nos três primeiros parágrafos.

     É bom saber que há quem leia o que já faz tempo. E assim se retoma o passado para o tornar presente (se isto do tempo é, por si, confuso, o que dizer de 'amanhã, o hoje será ontem'?).

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