segunda-feira, 1 de abril de 2013

Amores e enganos (ou enganos de amor)

        Diz-se, em inglês, que hoje é "April Fool's Day"; em português, Dia dos Enganos.

     A propósito destes últimos, e porque me cruzei com a estátua de homenagem a Amor de Perdição (narrativa de Camilo Castelo Branco, publicada no ano de 1862), lembrei-me de uma passagem onde o narrador faz um comentário acerca do amor e do engano:
Estátua de mestre Francisco Simões, 
pelos 150 anos da publicação da novela camiliana (foto VO)
 "Os poetas cansam-nos a paciência a falarem do amor da mulher aos quinze anos, como paixão perigosa, única e inflexível. Alguns prosadores de romances dizem o mesmo. Enganam-se ambos. O amor aos quinze anos é uma brincadeira; é a última manifestação do amor às bonecas; é tentativa da avezinha que ensaia o voo fora do ninho, sempre com os olhos fitos na ave-mãe, que está da fronde próxima chamando: tanto sabe a primeira o que é amar muito como a segunda o que é voar para longe."

     E não viesse isto a ser verdade, claro que tinha de surgir a singularidade dos heróis românticos: Teresa de Albuquerque é excecional neste capítulo, tal como o par Simão Botelho. Quem leu a obra assim o reconhece, pela entrega e pelo sacrifício mútuos a que foram destinados, numa espécie de Romeu e Julieta à portuguesa.

     Diferentes foram também os amores de Camilo e de Ana Plácido, pelo menos para as cores do tempo. São essas teias de amor, nesse topus literário inspirador que abraça a sua obra (e, por que não dizê-lo, a própria vida), que se reveem na estátua sita no agora Largo Amor de Perdição, junto à Cadeia da Relação (local onde a obra foi escrita).

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