quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Um funcionário público... poeta

      87 anos que não chegaram a ser fisicamente; são-no espiritualmente, na qualidade da obra poética que sobrevive.

    O funcionário dos Serviços Médico-Sociais rendeu-se ao poder da palavra, ao labor poético que a tornou luz, sonoridade e sugestão do próprio corpo.


       Nas próprias palavras do poeta Eugénio de Andrade, é o corpo do Homem que se revê na poesia:

      “De Homero a S. João da Cruz, de Virgílio a Alexandre Blok, 
de Li Bay a William Blake, de Bashô a Kavafis, 
a ambição maior do fazer poético foi sempre a mesma: 
Ecce Homo, parece dizer cada poema."
“Poética” in Antologia Breve

       Eis o Homem, eis o artífice da palavra que busca o corpo.

2 comentários:

  1. Por vezes, do Jardim do Passeio Alegre, gostava de o observar pela lente teleobjectiva da minha máquina fotográfica. Era uma silhueta, um vulto, um rosto magro de cabelo ralo e esbranquiçado, um corpo sentado na sua poltrona castanha, antes de a doença o prostrar definitivamente.
    Nunca tive a coragem de fotografar, de o fotografar através daquela ampla e bela janela envidraçada virada para um enquadramento marítimo de bravias palmeiras.
    A sua Casa Fundação, o espírito da casa que os não-poéticos querem fazer desaparecer, fechando-a!
    Abramos ao menos, nós,os amantes pujantes da sua bela e contida voz, as janelas por onde ela há-de sussurrar.

    O seu blogue, uma bela descoberta, caro colega Vítor.

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  2. Prezado colega,

    Grato pela partilha da sua vivência, do seu pensamento. Agradecimento ainda pelas palavras simpáticas dirigidas a esta "carruagem", na esperança de que nela faça muitas e boas viagens.
    E que bom seria que o poético sussurro se impusesse aos não-poéticos, qual David enfrentando Golias.

    Cumprimentos.

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