Reconduzo comentário formulado a propósito da abordagem da parassíntese.
Q: Quanto à palavra "encarnado", gostaria de saber o processo de formação dela. Estou na dúvida, porque não tenho certeza se "-ado", nesta palavra, é sufixo ou desinência verbal do particípio. Enfim, gostaria de entender bem isso.
R: A palavra 'encarnado' encontra-se dicionarizada com proveniência do latim, sob a forma 'incarnātu-' (com o significado de 'cor de carne'). Neste sentido, trata-se de uma palavra-base, por natureza. Na lógica de muitos outros termos que não apresentam indicadores afixais - prefixais ou sufixais - de derivação (como é o caso de 'beleza', termo originado a partir do latino 'bellitĭa-', do provençal ou do italiano 'bellezza'), estamos perante um caso em que se revelam apenas processos (diacrónicos) de evolução fonética entre o termo de partida ('incarnātu-') e o termo de chegada ('encarnado').
Por outro lado, a consciência linguística sincrónica desta palavra encontra-se de tal ordem afastada do significado etimológico que não é comum processar-se o vocábulo em questão como partindo de 'carne'.
Mais um caso a evidenciar a importância da consulta de um dicionário de/com informação etimológica, antes de se reflectir ou segmentar, em termos morfológicos, os eventuais constituintes de uma palavra.
Não se diz palavra base, mas sim palavra primitiva...
ResponderEliminarCaríssimo(a) leitor(a),
ResponderEliminarA propósito do comentário, trato de reconduzir a resposta para um novo post (dado o interesse geral em termos terminológicos).
Obrigado pela observação.