domingo, 10 de janeiro de 2010

Caiu neve... e não era Nova Iorque nem Natal!

        Grande foi o nevão lá p'rós lados de Baião.


       Nevão em Baião (Janeiro, 2010)      VO

       Era o regresso a casa. Um branco e preto de meter aflição, sempre que, depois da curva, tudo era neve a cobrir o chão.
       Antes, no recolhimento de um hotel, os flocos voavam, fazendo relembrar uma só quintilha da "Balada da Neve", nas palavras de Augusto Gil:


                   "Fui ver. A neve caía
                   do azul cinzento do céu,
                   branca e leve, branca e fria…
                   Há quanto tempo a não via!
                   E que saudades, Deus meu!"


       Apagado o sol do dia anterior, recordado o passeio à estação de Aregos e o ar queirosiano de A Cidade e as Serras, foi a vez da neve, qual "toalha calada sobre tudo" (Alberto Caeiro, in Poemas Inconjuntos) ... branca.

2 comentários:

  1. "A neve pôs uma toalha calada sobre tudo.
    Não se sente senão o que se passa dentro de casa.
    Embrulho-me num cobertor e não penso sequer em pensar.
    Sinto um gozo de animal e vagamente penso,
    E adormeço sem menos utilidade que todas as acções do [mundo."

    Alberto Caeiro, uma mistura de simplicidade e complicação.
    O meu heterónimo favorito! :)

    Gosto muito do blog, professor. Parabéns!

    Catarina Silva :)

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  2. Olá, Catarina.

    É bom saber que te tenho como leitora destas minhas letras bem como das de muitos outros mais (entre anónimos e conceituados).
    Concordo contigo: este nosso Caeiro é tão complicadamente simples! E aí está sua beleza, feita de sinais de grande humanidade.
    Foste ao encontro do poema, pelo verso.
    Cito-te outros três:

    "Não tenho pressa: não a têm o sol e a lua.
    Ninguém anda mais depressa do que as pernas que tem.
    Se onde quero estar é longe, não estou lá num momento."

    Palavras tão sábias para o imediatismo destes tempos...
    Beijinho e muitas felicidades.
    VO

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