Grande foi o nevão lá p'rós lados de Baião.
"Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria…
Há quanto tempo a não via!
E que saudades, Deus meu!"
Nevão em Baião (Janeiro, 2010) VO
Era o regresso a casa. Um branco e preto de meter aflição, sempre que, depois da curva, tudo era neve a cobrir o chão.
Antes, no recolhimento de um hotel, os flocos voavam, fazendo relembrar uma só quintilha da "Balada da Neve", nas palavras de Augusto Gil:
"Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria…
Há quanto tempo a não via!
E que saudades, Deus meu!"
Apagado o sol do dia anterior, recordado o passeio à estação de Aregos e o ar queirosiano de A Cidade e as Serras, foi a vez da neve, qual "toalha calada sobre tudo" (Alberto Caeiro, in Poemas Inconjuntos) ... branca.
"A neve pôs uma toalha calada sobre tudo.
ResponderEliminarNão se sente senão o que se passa dentro de casa.
Embrulho-me num cobertor e não penso sequer em pensar.
Sinto um gozo de animal e vagamente penso,
E adormeço sem menos utilidade que todas as acções do [mundo."
Alberto Caeiro, uma mistura de simplicidade e complicação.
O meu heterónimo favorito! :)
Gosto muito do blog, professor. Parabéns!
Catarina Silva :)
Olá, Catarina.
ResponderEliminarÉ bom saber que te tenho como leitora destas minhas letras bem como das de muitos outros mais (entre anónimos e conceituados).
Concordo contigo: este nosso Caeiro é tão complicadamente simples! E aí está sua beleza, feita de sinais de grande humanidade.
Foste ao encontro do poema, pelo verso.
Cito-te outros três:
"Não tenho pressa: não a têm o sol e a lua.
Ninguém anda mais depressa do que as pernas que tem.
Se onde quero estar é longe, não estou lá num momento."
Palavras tão sábias para o imediatismo destes tempos...
Beijinho e muitas felicidades.
VO