quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Sinais de outra cultura (que também nos fez)

      Para quem quiser conhecer ou render-se ao Ramadão...

   No nono mês do calendário muçulmano festeja-se o Ramadão (que este ano, em Marrocos, é precisamente o do presente Agosto, dadas as discrepâncias entre o calendário gregoriano e o lunar). É tido como o mês sagrado da revelação do Alcorão, no qual os praticantes adultos devem deixar de comer e de beber, da alvorada ao pôr-do-sol (sinal de um dos cinco pilares muçulmanos: o jejum), como forma de sensibilização para a fome dos pobres (sem esquecer que o quarto pilar é o da contribuição da purificação: doação feita em segredo e sem ser movido pela vaidade); de fumar e de ter relações sexuais. 
    Diz o guia que devemos ter em atenção o período pós 17:00, em que os muçulmanos se mostram muito irritadiços (por causa de tanta abstinência).
   Em pleno mercado da medina de Oujda, há uma loja com a entrada interrompida. De outro ponto do mercado, observo discretamente o vendedor dessa loja, um homem a abrir um tapete, a colocar-se sobre ele com os dois joelhos, a colocar uma bacia de água em frente. Molha as mãos e passa-as por cinco vezes na cabeça. Ergue as mãos aos céus e, depois, baixando-as em reza junto ao peito, põe-nas no chão. O homem fica na posição de quatro, até que a testa toca no chão. Repete este ritual por cinco vezes até que se reabre loja.
    É o horário de uma das orações (o Salat). 









    E, se dúvidas houvesse, cá está o horário para quem quiser render-se ao Ramadão.



   
   Entre as 21:03 e as 04:33 é tempo de festa, de comer e de beber, de tocar e de dançar, e sabe-se lá o que mais... Os turistas tiram fotografias, fazem filmes e compras. Observam, mas também se sentem observados, pelos nativos que, por baixo de tendas colocadas na rua (quais cafés ou pontos de convívio muçulmano ao ar livre), devem achar estranho por que tanta gente os olha por aquilo que fazem todos os dias.

Por terras de Marrakesh, em viagem.

    Depois das 04:33 regressa-se ao jejum e às cinco orações.

    Práticas do povo de Marrakesh (e não só) que assim deu nome ao país até que, segundo se diz, por superstrato da língua portuguesa, se tornou Marrocos.

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