Um grande gesto para não menor pessoa.
A notícia da atribuição, hoje, da Grã Cruz da Ordem do Infante à atriz Eunice Muñoz merece o aplauso que tanta vez acompanhou aquela que faz setenta anos de carreira aos oitenta e três de vida.
Entre teatro, cinema e televisão, pode dizer-se que é toda uma vida dedicada à arte de um fingimento tão singular quanto irrepetível.
Assim se premeiam os papéis da mulher, da mãe, da avó no palco da vida, bem como os desempenhados, com a mestria de uma artista de renome, nessa arte de autores como Eurípedes, Molière, Shakespeare, Pirandello, Racine, Tchekov, Tennessee Williams, Jean Cocteau; Garrett, Bernardo Santareno, La Féria. Com todos eles, a atriz fez carreira, e da melhor.
Assisti já a dois espetáculos por ela representados: Dúvida (2007), O Ano do Pensamento Mágico (2009). De ambos saí com a sensação de andar nas nuvens, como se o lugar dela fosse o céu que as acolhe.
Na televisão, as telenovelas não fazem desmerecer o valor que tem, bastando para tanto relembrar as figuras de proa da Dona Benta (em A Banqueira do Povo - 1993), de Maria Sá Couto (em Todo o Tempo do Mundo - 1999), de Guadalupe Lampreia (em Mistura Fina - 2004); ou a simples cigana que surge na adaptação do romance de Miguel de Sousa Tavares, Equador, a uma série televisiva (2008).
Ficam por ora as palavras de um poeta (Eugénio de Andrade) na voz da homenageada:
Para ambos os casos, que se levante o público e bata palmas a uma GRANDE SENHORA, uma das poucas referências vivas que, felizmente, Portugal tem nestes tempos tão necessitados delas.
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