O dia foi de trabalho, depois de uma noite em claro e com o peso dos olhos que teimavam em fechar.
Ainda houve tempo para ver o mar, a praia, o sol, até que se retomou o trabalho que não para.
Depois da noite
que se estendeu pela manhã;
depois da poesia e da doçura
que acerejaram um bolo
feito da grama
que nenhuma culinária deu;
depois do tempo e do encontro
com cheiro e sabor a café,
a partilha, a diálogo com pitadas de saber;
depois da sala tornada rua,
com ar livre, em movimento
a refrescar os rostos,
os ânimos, os corpos
(ansiosos de descanso
num fim de semana
encurtado,
reduzido nas horas,
preenchido por muitos instantes),
um mar de raios
compôs o sol,
que iluminou uma tarde
cuja luz
tinha o brilho
do ser e do sentir
a irradiar.
Chegou então um outro mar,
num vai e vem barrado pela praia,
pela areia alteada por um sopro suave
que disfarçava as pegadas
e os destroços de um naufrágio
vindos de uma tempestade
só na terra acontecido.
No fim,
em plena tarde e
com a despedida,
regressou a noite...
sem escuro, sem estrelas, sem luar;
só o sol
numa estranha luz,
que se dissipava...
até que se apagou.
Mais um sábado, de descanso para uns; de Saturno (esse titã, filho do Céu e da Terra, que mutilou o pai) para outros.
E houve uma luz especial durante o dia, que se apagou; mas existiu.
Valha-me Deus! E isto fez-se sem a noite dormidinha!
ResponderEliminarÉ caso para desejar mais noites em claro...
O pior é o corpinho que não "s'aganta", como dizia a minha avozinha!
Gostei muito. Mesmo muito!
bjinhos
IA
Ai, amiga.
ResponderEliminarSe é que posso considerar-me como tal, é como dizia o Manuel António Araújo: os escritores são homens tristes. Da tristeza acabam por tirar o que, por certo, não quereriam (só para não a terem de sentir).
O corpinho não 's'aganta', não.
Eu que o diga, que ando a pagar o exagero cometido. Estou velho para 'fazer diretas'.
Bjinhos.