segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

"Branca Flor a mim basta basta"

      Assim se repetiram as palavras ouvidas de um pequeno grande livro da literatura infanto-juvenil.

     No Centro de Recursos-Biblioteca da Escola Secundária de Gondomar, os alunos do 8º ano turma 2 tiveram a oportunidade de ouvir, na voz da própria Clementina Sousa, a história de Branca Flor. Um momento de partilha - com a magia da palavra (f)alada - é sempre uma oportunidade para encantamento e imaginário feitos de fantasia e melodia.
    Entre provas, pedras negras, viagens, duelos, fugas e reencontros, um caminho para a salvação e felicidade é conquistado pela personagem Manuel - um jovem que, ao conhecer Branca Flor, constrói a sua própria vida numa possibilidade de realização pessoal e afetiva.
       Bem diziam os clássicos "Palavras, leva-as o vento" - não pelo sentido de fugacidade e volatilidade que hoje se atribui à expressão, mas pela qualidade e pelo prazer que a oralidade introduz nesse fluir fónico, nessa modulação de âmbito oratório e retórico trazida pelas horas do conto.
     Refere a escritora, na introdução ao livro produzido (algures também numa prateleira da biblioteca), que aprendeu esta narrativa da boca de Diamantino, moço de profissão que dedicava a hora do descanso e almoço a contar histórias. O mesmo viria a fazer Clementina aos seus alunos, enquanto professora; ainda o faz junto de jovens e de todos aqueles que, já não o sendo na idade, se deixam levar pelo melhor que o espírito dessa juventude ainda lhes dá.

 Clementina Sousa enquanto contava Branca Flor, a alunos e a professores  (Foto VO)

     Ora entregues ao registo de alguns pormenores da história ora rendidos ao fantástico que o conto anuncia e desvela, para os alunos envolvidos na atividade não houve tempo senão o que, sem data e sem hora, culminou numa espécie de mil e uma noites vividas no final de uma manhã, também com flores e a doçura do reconhecido e grato encontro.

Alunos e professores à escuta da Branca Flor, na voz de Clementina Sousa (Foto VO)

      Exemplares, sorridentes e à espera da resolução da história, os ouvintes não deixaram de fazer ouvir a sua voz, no final, colocando o dedo no ar ora para fazer algumas perguntas mais ora para deslindar alguns passos de uma narrativa recuperada desse cavalo do pensamento (em que Manuel e Branca Flor também galoparam), para memória de todos.

4 comentários:

  1. Pois, Vítor, eu tive um duplo-prazer com esta história: tive o privilégio de ser uma das suas primeiras leitoras e tive a graça de a poder ouvir, contada pala Clementina, na última segunda-feira!

    E que a bem a (re)conta a Clementina!... Percebe-se por que é que os seus alunos, ao longo da tantos anos, gostavam de a ouvir. Às vezes, em sussurro, com se de segredo se tratasse; outras, empolgada, a galope nas palavras…

    De qualquer modo o mais importante é a narrativa e os ensinamentos e sensibilidades que nela moram.
    O texto escrito vai bem mais longe do que o reconto oral, porque nele a autora espraia-se adicionando pequenos ensinamentos e um episódio que não integra a narrativa principal no reconto de tradição oral. É a sensibilidade da professora e do ser humano fantástico que a Clementina é que aqui se impõe!...

    Peço desculpa, Vítor, por este meu pequeno arrebatamento… mas justo! Gostaria que houvesse mais GENTE como esta nossa amiga!

    E para terminar, parto do teu comentário final (porque brilha pela leitura que faz desta narrativa!) e recupero a Memória, que aqui nesta Flor tão branca é peça fundamental. De facto, não é por acaso que a diegese termina com os protagonistas a galope no Cavalo do Pensamento (lugar onde também mora a Memória!). Porque nós somos feitos de Memória. Porque nós somos a Memória! E porque é nela que vivem os nossos Afetos, que, por seu lado, também nos fazem como pessoas.

    E, por falar em afetos, termino (agora sim) com um beijinho grande, sinal do meu grande afeto por ti e com votos de um excelente e santo Natal para ti e para os teus!

    IA(zinha)

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  2. Amiguinha,

    Obrigado pelo comentário e pelo afeto (correspondido).
    Um ótimo Natal para ti e para os teus.
    Muito descanso.
    Beijinho.
    VO

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  3. Como seria a vida sem afetos? Menos histórias, por certo, haveria para contar!
    De facto, a Clementina conta muito bem, tanto por escrito como oralmente.
    Durante vários anos, ouvi falar desta história, porque a Clementina foi professora da minha filha mais velha.
    No livro que a Clementina agora publicou, também se lê o entusiasmo pelas histórias que foi partilhando ao longo de várias décadas.
    Também achei muito bonito, Vítor, ver os teus alunos com a muita atenção e a tomarem notas sobre a história que ouviam.
    Abraço e um ano com muitas e belas histórias.
    M.

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    1. E agora é que vai ser o bom e o bonito!
      Esta história deu-me umas ideias para umas aulinhas, nas quais ainda se vai falar e escrever muito sobre Branca Flor. Caso para dizer "Branca Flor a mim não basta, não!"
      Espero que o trabalho a fazer venha a ser digno da bonita história que a Clementina nos fez ouvir, de forma tão encantad(or)a.
      Abraço, amiga.
      Beijinhos e muita força para o novo ano.

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