Alguns dias depois de "Quem me quiser", aí vai uma forma de reencontro.
Depois da poesia, a música... Chamar a música.
Esta noite vou ficar assim
Prisioneira desse olhar
De mel pousado em mim
Vou chamar a música
Pôr à prova a minha voz
Numa trova só p'ra nós
Esta noite vou beber licor
Como um filtro redentor
De amor, amor, amor
Vou chamar a música
Vou pegar na tua mão
Vou compor uma canção
Chamar a música
A música
Tê-la aqui tão perto
Como o vento no deserto
Acordado em mim
Chamar a música
A música
Musa dos meus temas
Nesta noite de açucenas
Abraçar-te apenas
É chamar a música
Esta noite não quero a TV
Nem a folha do jornal
Banal que ninguém lê
Vou chamar a música
Murmurar um madrigal
Inventar um ritual
Esta noite vou servir um chá
Feito de ervas e jasmim
E aromas que não há
Vou chamar a música
Encontrar à flor de mim
Um poema de cetim
A música, a letra, a voz. Um exemplo de como poesia casa com música e voz. Assim chegámos à Europa, em 1994.
Poetisa? Rosa Lobato de Faria, a mesma que, na simplicidade das palavras que dominou, escreveu a multiculturalidade de um povo a que pertenceu: "Que povo é este que partiu / E foi dobrar o Bojador? / Este povo que sentiu o feitiço, o desafio / De inventar um novo amor. / Das mãos unidas nasce a flor / E cada beijo sabe a paz. / Quando a alma sente o amor / Tenha o corpo qualquer cor / Preto ou branco tanto faz."
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