quinta-feira, 8 de abril de 2010

Porque amador é aquele que ama

     No fim de um dia, na Quinta da Bonjóia, foi tempo para uma conversa a propósito da figura precursora e introdutora do Surrealismo em Portugal: António Pedro (1909-1966).

    Na sequência dos "Serões da Bonjóia - Tertúlias à moda do Porto", Júlio Gago, director artístico do Teatro Experimental do Porto (TEP), proferiu a última de quatro conversas à volta do tema 'António Pedro' (figura primeira na direcção artística deste grupo, no período 1953-61). 
   Ainda no contexto da comemoração do centenário de nascimento (iniciativa começada em 2009 e prolongada até ao presente ano), foram abordadas as facetas do jornalista (foi inclusivamente director de dois jornais de Coimbra: "Bicho" e "Pena, papel e veneno"), escritor, pintor, desenhista, encenador. 
     Nascido em Cabo Verde (na cidade da Praia), chega ainda criança a Portugal. Estudou em La Guardia (onde cultivou o gosto pelo teatro). António Pedro foi homem para se multiplicar por várias áreas artísticas, tendo sido pioneiro em Portugal nalgumas delas.

      Aqui ficam alguns apontamentos, a relevar o seu papel:
      . ao criar a primeira galeria de arte comercial com Tomás de Melo (a U.P., 1932);
    . ao participar nos manifestos Planista e Dimensionista (1936), fundamentais para o surrealismo europeu, que entra em Portugal por via de António Pedro - figura principal do Grupo Surrealista de Lisboa (1947-9); 
      . ao escrever o primeiro romance (assim chamado porque o autor assim o quis) poético surrealista, intitulado Apenas uma Narrativa (1942);
     . ao inovar nas artes gráficas em Portugal (com a capa do número inicial da revista Variante, da qual foi director, em 1942);

   . ao dar voz à liberdade ansiada (vinda de Londres, pela BBC, aquando da II Guerra Mundial, mais precisamente nos anos 1944-5), na luta contra o autoritarismo fascista (fosse pela esquerda fosse pela direita);
    . ao renovar a estética do teatro em Portugal, essencialmente no âmbito da encenação.
      Viria a morrer em Moledo, aos 67 anos.
      Jorge de Sena viria a antologiar o que de melhor António Pedro fez na poesia.
António Pedro, em foto de Fernando Aroso

      Depois de cerca de hora e meia de conversa, dois dados se retiveram: na opinião do orador, António Pedro não é tão reconhecido no seu país como o é lá fora; se não é assumido como um brilhante exemplo da Arte Moderna (de que foi pioneiro também no ensaísmo), contribuiu determinantemente para a inovação, o pioneirismo e o brilhantismo de diversas formas de expressão artística (literatura, pintura, cerâmica, teatro). 

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