terça-feira, 8 de setembro de 2009

Colher da amizade

     Uma colher de café... para mexer a vida.

    Versos saídos de um acto de generosidade, na oferta de uma colher de café.

Tenho uma colher
feita de um metal nobre,
bom condutor do calor da amizade…;
composta por ligas que o afecto soldou,
solidou, ductilizando benquerenças…

Lembra-me o café que me anima
(desde essa nota de luz que raia o dia
ao escuro que deixa ver Sírio e Canoto);
o cheiro desse arábico vinho que embevece;
o sabor dessa semente que da união faz força;
a cor quente da terra, rendida a um céu,
que, da satisfação, só pode ser o sétimo.

Tem um grão;
parece um coração;
reluz ao brilho de animados encontros
              preenchidos por manjares e cantos,
              coloridos de riso,
              esguichados por chuva das estrelas
                   aromados por deleites naturais
                   feitos de paisagens e de tempos,
                   pintados de cansaços tão alegres.

Tira? Não.
Leva? Nada.
Mexe? Comigo e com os que nela lembro.

Tenho uma colher
para adoçar com, alguma felicidade, esta vida.

Gondomar, 8 de Setembro 2009

    Não sei o que o tempo dirá ou fará, mas, enquanto tiver esta colher, farei dela a lembrança do toque na chávena, do paladar doce e anunciado das bebidas que aquecem e animam os afetos.

    Para lembrar bons momentos... feitos dos que a memória recuperará de alguma distância.

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