quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

No tempo dos 'se'

     Prevejo que vou andar uns tempos a tratar o 'se'... no tanto que ele tem de camaleónico.

     Para já, a questão, a dúvida é de ordem sintáctica.

     Q: Vítor, bom dia! Mais uma consulta...
  Na frase "A raposa interessou-SE pelo queijo" o 'se' destacado tem alguma função sintáctica?

    R: As construções do tipo ‘V-se’ apresentam uma multiplicidade de situações: realizações com verbos intrinsecamente pronominais (nos quais maioritariamente é impossível retirar o ‘-se’); realizações reflexivas (nas quais existe identidade correferencial entre o sujeito sintáctico e o complemento directo) e reflexivas de posse; realizações recíprocas; realizações associadas à redução da estrutura argumental do verbo; realizações passivas.
    O caso proposto integro-o nas realizações com verbos intrinsecamente pronominais - com ‘se’ inerente -, (como é o caso de ‘alegrar-se por / com’, ‘atrever-se a’, despedir-se de ‘, ‘divertir-se com’, interessar-se em / por’, ‘zangar-se com’); ou seja, sem função sintáctica na frase (contrariamente aos casos de ‘-se’ reflexo, recíproco ou passivo).
     Assim, a frase teria a configuração sintáctica de um
          a) sujeito (‘A raposa’);
      b) predicado (‘interessou-se pelo queijo’) com um complemento oblíquo (‘pelo queijo’), tomando como núcleo um verbo transitivo indirecto (‘interessar-se’).

     E mais haverá para dizer, quando outros exemplos chegarem...

2 comentários:

  1. Vítor, agradeço-te uma vez mais por este consultório :)Fazem-me por vezes perguntas, embora eu avise que a linguística não é a minha área, mal de mim..., a que não sei responder. Felizmente - aviso - tenho onde beber. E lá tas envio. Há por aqui umas quantas com as óptimas respostas.
    Sempre grato, abraço, Vilas-Boas.

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  2. Meu caro,

    No que puder...
    Abraço
    VO

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