As palavras têm significados que precisam de ser bem contextualizados.
É o que se pode depreender da utilização dos predicados de uma pessoa, do predicado de uma frase e da palavra como predicado(r).
É o que se pode depreender da utilização dos predicados de uma pessoa, do predicado de uma frase e da palavra como predicado(r).
Q: Há alguma relação entre o predicado e a estrutura argumental? Tenho alguma dificuldade em a ver, embora já tenha lido que ela existe.
R: Há quem entenda o predicado com o sentido de dote ou de virtude. Na gramática da vida fico-me pelo primeiro por me parecer mais funcional na própria gramática. Trata-se de uma espécie de dote, se a imagem assim mo permitir, aplicado ao domínio da gramática. Não serão os bens que a noiva leva para o casamento, mas os elementos de que uma categoria necessita para completar o seu significado lógico.
A noção de predicado tem sido tradicionalmente utilizada segundo duas acepções:
i) um, tomado da lógica e da semântica e que se relaciona com a estrutura argumental (com implicações de selecção) das palavras com valência própria, argumentos ou lugares vazios, sejam estas verbos, nomes, adjectivos, advérbios, preposições;
ii) outro, de natureza sintáctica e que designa a função desempenhada pelo grupo verbal (isto é, a expressão gramatical cujo conteúdo atribui uma propriedade ou se relaciona com o sujeito da frase.
Está para este segundo caso a con-sideração do grupo verbal sublinhado na frase 'Ontem os alunos apresenta-ram as dúvidas ao professor' (constituí-do por um verbo principal, o comple-mento directo, o complemento indirecto e o modificador do predicado).
De acordo com a primeira acepção, o predicado (ou elemento predicador) da frase é o verbo 'apresentar', que denota uma acção que requer a concorrência de três participantes: um agente, que leva a cabo a acção (os alunos); um tema ou objecto (as dúvidas surgidas) e um destinatário, aquele a quem se destina a acção (ao professor). Estes três elementos, que intervêm na noção predicativa, são normalmente designados "argumentos" ou "actantes" (à semelhança dos papéis atribuídos aos actores nas representações dramáticas). Costuma chamar-se 'estrutura argumental' ao conjunto (ordenado ou não) dos argumentos seleccionados pela palavra superior hierarquicamente. Há, assim, uma relação de dependência, de valência lógica e semântica, e também sintáctica, entre a palavra central, nuclear, subordinante e os elementos que com ela participam no quadro de referência lógico-semântica (por exemplo: o nome 'pai' implica que este seja pai 'de alguém', pelo que 'pai' é acompanhado de um complemento de nome; o adjectivo 'interessado' implica que se esteja interessado 'em alguma coisa', pelo que há que fazer seguir o termo de um complemento do adjectivo; o verbo 'comer' selecciona um agente e um objecto ou tema).
No caso de um verbo, a sua estrutura argumental prende-se com a noção de sujeito (exterior ao predicado), a de complementos / predicativos (sempre que estes sejam requeridos pelo primeiro) e a de modificador do predicado (por se tratar de um elemento não seleccionado / requerido pela palavra nuclear).
ii) outro, de natureza sintáctica e que designa a função desempenhada pelo grupo verbal (isto é, a expressão gramatical cujo conteúdo atribui uma propriedade ou se relaciona com o sujeito da frase.
Está para este segundo caso a con-sideração do grupo verbal sublinhado na frase 'Ontem os alunos apresenta-ram as dúvidas ao professor' (constituí-do por um verbo principal, o comple-mento directo, o complemento indirecto e o modificador do predicado).
De acordo com a primeira acepção, o predicado (ou elemento predicador) da frase é o verbo 'apresentar', que denota uma acção que requer a concorrência de três participantes: um agente, que leva a cabo a acção (os alunos); um tema ou objecto (as dúvidas surgidas) e um destinatário, aquele a quem se destina a acção (ao professor). Estes três elementos, que intervêm na noção predicativa, são normalmente designados "argumentos" ou "actantes" (à semelhança dos papéis atribuídos aos actores nas representações dramáticas). Costuma chamar-se 'estrutura argumental' ao conjunto (ordenado ou não) dos argumentos seleccionados pela palavra superior hierarquicamente. Há, assim, uma relação de dependência, de valência lógica e semântica, e também sintáctica, entre a palavra central, nuclear, subordinante e os elementos que com ela participam no quadro de referência lógico-semântica (por exemplo: o nome 'pai' implica que este seja pai 'de alguém', pelo que 'pai' é acompanhado de um complemento de nome; o adjectivo 'interessado' implica que se esteja interessado 'em alguma coisa', pelo que há que fazer seguir o termo de um complemento do adjectivo; o verbo 'comer' selecciona um agente
No caso de um verbo, a sua estrutura argumental prende-se com a noção de sujeito (exterior ao predicado), a de complementos / predicativos (sempre que estes sejam requeridos pelo primeiro) e a de modificador do predicado (por se tratar de um elemento não seleccionado / requerido pela palavra nuclear).
O sentido de predicado, quanto à estrutura argumental, não se associa apenas a verbos (e ao respectivo grupo verbal); relaciona-se também com nomes, adjectivos, advérbios ou preposições, os quais também seleccionam constituintes para cumprimento / saturação do respectivo significado. À excepção dos verbos auxiliares, praticamente todos os outros têm uma estrutura argumental; em contrapartida, apenas um conjunto reduzido das restantes categorias requer semanticamente um ou mais argumentos para completar o respectivo significado.
Vitor, bom dia!
ResponderEliminarQue é que me aconselhas a ler sobre estrutura argumental de verbos?
Abraço, obrigado, Vilas-Boas.
Boa tarde.
ResponderEliminarPrimeiro de tudo um livrinho que já deves conhecer de nome 'Gramática de Valências' (de Winfried Busse e Mário Vilela), que foi a minha base de formação inicial. Depois, pelo índice remissivo, podes verificar as páginas propostas na 'Gramática da Língua Portuguesa' (coord. por Mira Mateus, 2003: 183-192 e outras); ZAYAS, Felipe (2004: 16-35)- "Hacia una gramática pedagógica” in Textos de Didáctica de la Lengua y de la Literatura, nº 37 (La reflexión sobre la lengua), Barcelona, Graó; ALSINA, Alex (1996)- 'The Role of Argument Structure in Grammar', Stanford, California-CSLI Publications. Para começar, não está mal.
Abraço.