É Fernando... e qual deles?!
O santo é disputado pelas cidades que o honram: Lisboa, no nascimento (15 de Agosto de 1195); Pádua, na hora da morte (13 de Junho de 1231). Professada a vida religiosa na Ordem de Santo Agostinho, o padre Fernando de Bulhões tornou-se num franciscano reconhecido pelos seus poderes de oratória, de pregação e de erudição. Doutor da igreja, canonizado por Gregório IX (1233), tem as suas relíquias depositadas na Basílica e Catedral (Duomo) de Pádua.
Basílica de Santo António (Pádua)
Num relicário do século XIV, conservam-se o queixo do Santo; noutro, do século XV, a língua (hoje muito deteriorada enquanto objecto de particular devoção dos fiéis), esse órgão que tanto o notabilizou no exercício argumentativo que os homens tanto quiseram ouvir como desejaram silenciar. Língua de Santo, de orador, de homem atento ao seu tempo e aos vícios que neste grassavam.
Dele falou Vieira, tomando-o como exemplo e modelo. Um agostinho e franciscano a moldar um missionário humanista e jesuíta seiscentista, que foi falado por Pessoa - também Fernando, também António.
No cruzamento de tantas pessoas, ficam a língua, a arte, a poesia e a religião em união; num círculo composto da raiz '-lig-' que, etimologicamente, aproxima os 'diligentes' ou 'inteligentes' com 'le-', 'lec-', '-leg-' de 'ler', 'leccionar', 'eleger'; do prefixo 're-' que sugere a repetição, a reciprocidade, a intensidade e a retoma.
Ora, na harmonia das pessoas, dos saberes, das palavras e das emoções, os poetas sempre foram os eleitos na sugestão, na sensação, na libertação de uma existência e de uma consciência que nos enleiam.
Basílica de Santo António (Pádua)
Num relicário do século XIV, conservam-se o queixo do Santo; noutro, do século XV, a língua (hoje muito deteriorada enquanto objecto de particular devoção dos fiéis), esse órgão que tanto o notabilizou no exercício argumentativo que os homens tanto quiseram ouvir como desejaram silenciar. Língua de Santo, de orador, de homem atento ao seu tempo e aos vícios que neste grassavam.
Dele falou Vieira, tomando-o como exemplo e modelo. Um agostinho e franciscano a moldar um missionário humanista e jesuíta seiscentista, que foi falado por Pessoa - também Fernando, também António.
No cruzamento de tantas pessoas, ficam a língua, a arte, a poesia e a religião em união; num círculo composto da raiz '-lig-' que, etimologicamente, aproxima os 'diligentes' ou 'inteligentes' com 'le-', 'lec-', '-leg-' de 'ler', 'leccionar', 'eleger'; do prefixo 're-' que sugere a repetição, a reciprocidade, a intensidade e a retoma.
Ora, na harmonia das pessoas, dos saberes, das palavras e das emoções, os poetas sempre foram os eleitos na sugestão, na sensação, na libertação de uma existência e de uma consciência que nos enleiam.
QUALQUER MÚSICA
Qualquer música, ah, qualquer,
Logo que me tire da alma
Esta incerteza que quer
Qualquer impossível calma!
Qualquer música - guitarra,
Viola, harmónio, realejo...
Um canto que se desgarra...
Um sonho em que nada vejo...
Qualquer coisa que não vida!
Jota, fado, a confusão
Da última dança vivida...
Que eu não sinta o coração!
Fernando Pessoa, in Poesias I
(Edições Ática)
13 de junho é o dia celebrado por Padre António Vieira no seu Sermão de Santo António. O dia do santo chamado Fernando de Bulhões; o dia do poeta que ajudou a imortalizar aquela que foi a sua pátria: a língua portuguesa.
Porquê o nome 'Carruagem 23' ?
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