domingo, 3 de maio de 2009

A bem da variação... e das variedades

     Um pequeno poema, é certo, para um grande poeta, um dos mais importantes introdutores do Modernismo no Brasil.

       Data de 1925, publicado num livro intitulado Pau-Brasil - Poesia (S. Paulo, Globo).


pronominais

Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro

Oswald de Andrade, in Os Cem Melhores Poemas Brasileiros do Século,
sel. Italo Moriconi, Rio deJaneiro, Edição Objetiva, 2001, pág. 35

     Linguisticamente falando, a variação é aqui uma questão de posição: da ênclise do Português europeu à próclise no Português do Brasil. Não deixa de ser também um motivo literário, uma afirmação de singularidade, voz(es) para uma língua que se afirma pela sua multiplicidade.

      E tudo isto logo para mim, que não fumo!

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