"Esta velha angústia" data de 16/6/1934, pouco tempo antes de Pessoa falecer.
Dizem que é um exemplo de escrita poética da terceira fase, mais intimista, própria desse heterónimo pessoano moderno e vanguardista que, depois da euforia, da dinâmica, da força e da pujança, assume a sua limitação humana, a "disforia" ou a "avaria da máquina". Nenhuma aguenta ser puxada ao excesso, ao limite, à totalidade.
Outros intitulam essa fase como a do "engenheiro aposentado".
Por mim, continuo a achar que também pode ser a fase de qualquer ser humano a atingir a saturação, o desconforto, a vontade de largar "as rédeas", "o volante e o pedal"; aquela em que se sente também a máquina à deriva, em descontrolo, prestes a espetar-se contra uma parede ou a dirigir-se para um declive.
Será a realidade um modelo inspirador para a literatura ou será a literatura um modelo a considerar para a realidade? Prefiro ver na segunda hipótese um aviso "poético", para que qualquer real vivido não se torne na amargura de muitos. Também há cirurgias estéticas para as "velhas angústias".
Olha lá, mas a «velha angústia» é arte ou doutrina (que se siga)? :)
ResponderEliminarConcordo que não... mas lá que ela ataca não há dúvida.
ResponderEliminarIsto é arte ou vida? Se é vida, o Campos / Pessoa devia ter-se suicidado. Há anos, no EE. UU., um nadador português que estava lá a competir suicidou-se e tinha na mesinha de cabeceira precisamente o engenheiro... Assim, eu quando dou estes textos enfatizo muito junto dos alunos - em crescimento tantas vezes - que isto é muito mais arte do que vida - arte com uma tradição, simbolista, etc... Por outro lado, refiro-lhes estudos sobre Pessoa como o Fazer pela Vida - de cujo autor não recordo agora o nome, embora visualize perfeitamente a ex na juventude :) - que mostram como este homem não é o coitadinho que parece, muito pelo contrário, lutou sempre: e venceu, ou não estava aqui eu a escrever isto... e tu a fazer o filme...
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