quarta-feira, 13 de maio de 2009

Por falar em (re)lembrar... a infância inocente

      Era o tempo em que as brincadeiras, os heróis dos desenhos animados não faziam crer no que o futuro, hoje tão presente, traria.

      João e Maria
    ... título de um conto tradicional, numa versão de 'Hansel e Gretel' (este último recolhido pelos irmãos Grimm);
     ... título para a letra de uma canção composta por Sivuca e Chico Buarque.
     Era o tempo de ouvir uma canção na inocência do(s) tempo(s) vivido e imaginado.


       Sabia lá eu que a combinação do "Agora" com o "era" seria o ingrediente linguístico necessário ao jogo, à ficção, à transposição; que a coordenada da enunciação narrativa (o 'Era uma vez...', 'Havia um tempo...', 'Há muito tempo havia...') se instituiria com um pretérito imperfeito analogamente funcional (na dimensão do pretérito e/ou no plano da transposição ficcional, pela construção de mundos alternativos) a um presente assumido como a coordenada de tempo associado ao instante do imediato, da actualidade e dos actos que se radicam ao presente da fala.

        JOÃO E MARIA

Agora eu era o herói
E o meu cavalo só falava inglês
A noiva do cowboy
Era você além das outras três

Eu enfrentava os batalhões
Os alemães e seus canhões
Guardava o meu bodoque
E ensaiava o rock
para as matinês

Agora eu era o rei
Era o bedel e era também juiz
E pela minha lei
A gente era obrigado a ser feliz

E você era a princesa que eu fiz coroar
E era tão linda de se admirar
Que andava nua pelo meu país

Não, não fuja não
Finja que agora eu era o seu brinquedo
Eu era o seu pião
O seu bicho preferido

Vem, me dê a mão
A gente agora já não tinha medo
No tempo da maldade acho que a gente nem tinha nascido

Agora era fatal
Que o faz-de-conta terminasse assim
P’ra lá deste quintal
Era uma noite que não tem mais fim

Pois você sumiu no mundo sem me avisar
E agora eu era um louco a perguntar
O que é que a vida vai fazer de mim?

        O que eu agora sei está distante, bem diferente do "agora eu era..."

        Volto à música... "o que é que a vida vai fazer de mim?"

1 comentário:

  1. Esta sempre foi uma das minhas canções preferidas do Chico!
    Mesmo sem perceber nada da dimensão pretérita mesclada com o presente do advérbio, em novita, eu gostava do jogo do faz de conta proposto, aqui, adaptado à vida! E, como tu, continuo a interrogar-me: "o que é que a vida vai fazer de mim?"

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