Ainda reacções a uma terminologia que não foi sentida como uma vantagem para o ensino do Português. Questão para perguntar como ainda não foram avaliadas as fragilidades da anterior.
Q: Numa terminologia que devia evitar duplicação de termos, não seria de optar por uma entrada apenas: radical ou base? Para quê 'base', se já estávamos tão habituados com o velhinho 'radical'?
R: A questão colocada parte de um pressuposto que nem sempre é válido: o de que 'base' e 'radical' são sinónimos.
Independentemente de haver uma zona comum entre os dois termos, 'base' é bem mais abrangente do que 'radical', podendo abarcar também as palavras que se constituem como bases derivantes para construir outras palavras derivadas (por afixação sucessiva ou por composição, por exemplo).
A título de exemplo, 'confianç-' é um radical (simples) ao qual se acrescenta o índice temático '-a' para formar um nome. Neste caso, a base da palavra é um radical. Por sua vez, 'confiança' é já uma palavra, tomada como a base derivante para a derivada 'desconfiança'.
A nível da composição, por exemplo, um dos termos pode ter como base um radical (o que normalmente acontece com a composição morfológica, que apresenta uma vogal de ligação, de fronteira, entre um radical e a palavra que constitui o segundo termo - ex.: [frut-] [-i-] [cultor]) ou então ambas as bases são palavras (exemplo da composição morfossintáctica - ex.: [peixe] [espada]; [corta] [unhas]).
Em síntese, uma 'base' pode ser tanto uma palavra como um radical (simples ou complexo, sem os afixos flexionais), razão por que não são termos completamente sinónimos e/ou redundantes.
Pergunto-me, por ora, se o termo 'base' não será mais pacífico em contextos de práticas mais básicas. Pelo menos, o termo 'radical' implica ter uma estratégia de decomposição mais atenta a uma abordagem analítica e morfológica (mais rigorosa, portanto, e com uma consciência etimológica que muitos falantes já não possuem).
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