sexta-feira, 3 de abril de 2009

Voltando aos desafios linguísticos...

      A propósito da partilha de dúvidas, questões,... lá vai mais uma.

      Q: Como é que se distinguem os modificadores do predicado dos modificadores da frase?

   R: Os modificadores do predicado (internos ao grupo verbal que assume a função de predicado, independentemente da localização deles na frase) são constituintes facultativos do grupo verbal e admitem dois tipos de teste: o da interrogação numa estrutura clivada com o verbo ‘Ser’(a) e o da negação (b):

> Os alunos vão participar num torneio no próximo sábado. [Predicado]
> No próximo sábado, os alunos vão participar num torneio. [Predicado]
> O que é que os alunos vão fazer? Vão participar num torneio no próximo sábado. [Predicado]
(a) Vai ser no próximo sábado que os alunos vão participar num torneio?
(b) Os alunos vão participar num torneio não no próximo sábado, mas no domingo.

     O mesmo já não sucede com os modificadores da frase (externos ao grupo verbal que assume a função de predicado, assumindo eles valores da modalidade – isto é, configurando-se essencialmente como advérbios ou expressões adverbiais para marcar o posicionamento do sujeito da enunciação relativamente ao conteúdo da frase / do enunciado). Nestes casos, os testes acima mencionados já não são aplicáveis, uma vez que tornam as frases agramaticais (*):

> Francamente, ele podia fazer um trabalho bem melhor. [Predicado]
> O que é que se passa? Ele podia fazer um trabalho bem melhor. [Predicado]
(a) *É francamente que ele podia fazer um trabalho bem melhor?
(b) * Não francamente mas fingidamente, ele podia fazer um trabalho bem melhor.

    Mais um contributo assente numa abordagem próxima do carácter oficinal do ensino da gramática, desta feita na base de uma função sintáctica. Mais do que a etiquetagem é bom que se instituam processos (testes) capazes de sustentar o conhecimento.

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