quarta-feira, 21 de abril de 2010

Tópico: o meu olhar...

    Não é lá grande coisa, principalmente nos tempos que correm. Já houve melhores dias.

    Lido o poema de uma amiga, tão feito do azul celeste com que pinta o seu firmamento, entro em diálogo versificado, numa polifonia disfórica... com um outro olhar.


FÉNIX-ÍCARO SEM (G)RITO

No meu olhar,
sou Fénix em cinza
sem azul no firmamento;
com lua
cercada de noite
e de uma diminuta estrela
que aspira a ser Sol.

Deixá-la brilhar...
Talvez alumie
quem ainda vive
de tanto imaginar.

Em sétimo céu,
Ícaro viu-se perder.
À terra voltou,
depois de o Sol cobiçar.
No calor do fogo,
achou motivo para a queda.
No calor do fogo,
ficou a Fénix queda
(sem fêmea que a chorasse).

Há voos que,
na liberdade cega,
do ar tombam no mar;
há cinzas que,
sopradas pelo vento,
se dispersam,
se apartam
de um apregoado brotar ...
longe do renascer.
Pobres mitos, em rito por cumprir!

Neste meu desencantado olhar,
há íris que embate em nevoeiro;
pupilas sem mestre, em cegueira;
há uma imensa e intensa luz
turvando um mundo
que, de fantasia, se faz do que o ilude...

Não deixa voar
este meu olhar.
Gondomar,
20 Abril 2010 (um dia sem história)

    Se quem muito alto sobe muito baixo desce, espero que o inverso também se faça verdade, pela esperança de melhores tempos e olhares.

2 comentários:

  1. A fénix das cinzas sempre renasce.
    Mesmo que o vento as tenha levado
    Não importa onde elas possam ter pousado,
    Pois há sempre quem as vá buscar
    E, aos poucos, todas consegue juntar.

    Assim o mito será cumprido
    E o símbolo do renascimento espiritual
    Irá cantar ao ouvido
    Para se voltar a encantar o olhar
    E deixá-lo de novo
    VOAR!


    Ao meu mestre, que será sempre mestre.

    VS
    Gondomar, 21 de Abril de 2010

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  2. Que cadeia poética está aqui a acontecer!
    Um poema dá lugar a uns versos; estes, a outros ainda...
    Entre descompassos, assonâncias e rimas há sempre o espaço mágico da palavra que comunica, comunga com o sentir.
    Obrigado, VS.

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