sexta-feira, 22 de julho de 2011

Morrer de amor

       Há quem lhe chame  "petit-mort"...

       Só que os nomes nada são, se os actos nunca os tiverem feito sentir - de modo a tornarem-se estados em tudo tão diferentes da tristeza.
      O jogo da ficção institui-se e o mundo alternativo constrói-se com as condições de uma realidade-sonho, (não a de uma infância retomada; antes, a dos adultos cometida).

...
agora eu era linda outra vez
e tu existias e merecíamos
noite inteira um tão grande
amor

agora tu eras como o tempo
despido dos dias, por fim
vulnerável e nu, e eu
era por ti adentro eternamente

lentamente
como só lentamente
se deve morrer de amor

abençoa-te para sempre,
e é assim que eu morro, corajosa,
a escrever um livro de amor
sem chorar
...

                                                                      Valter Hugo Mãe
                                                                      in O Resto Da Minha Alegria
                                                                      Porto, Cadernos do Campo Alegre, 2003

      Aproveitando a capa do livro, com ilustração de Adriana Calcanhotto, tanto relógio pessoal faz com que este livro de amor seja passagem para uma felicidade universal e intemporal.

     .... mas que o poeta assume claramente como "la joie de la vie".

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