domingo, 4 de setembro de 2011

Questões do outro lado do oceano (V)

     E para continuar com o tratamento das questões do outro lado do oceano, há que proceder a outros voos.

      Q: O que justifica a acentuação de tu-iu-iú (tui-ui-ú é outra forma de separação silábica)?

    R: Começo por reconhecer o meu desconhecimento face ao referente para o termo apresentado, bem como à forma de pronúncia do termo (se na variedade do Português europeu há oscilação fonética, admito que muito mais haja na do Brasil). De qualquer forma, creio que se trata de uma questão associada à presença de um hiato. A indicação da segunda forma de separação silábica é a prova de que as duas últimas vogais não constituem um grupo vocálico do tipo ditongo. Daí a acentuação gráfica do último 'u', a ser pronunciado separadamente face ao ditongo anterior.
      Após alguma pesquisa, fiquei a saber que se trata de um tipo de ave, símbolo do Pantanal. A designação tem origem indígena e reflete a presença de uma onomatopeia enquanto processo implicado na própria formação da palavra.

    Mais um passo em direção ao mundo desconhecido das aves (nomeadamente das pantaneiras) e da designação musical que estas, por vezes, apresentam.

3 comentários:

  1. Em "Viver bem a vida é amar bem as mulheres", há quantas orações; qual seria a classificação delas?

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  2. Caríssimo,

    A resposta a esta questão será apresentada em apontamento futuro.
    Cumprimentos.
    VO

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  3. Olá, meu caro.

    No que concerne à acentuação da palavra tuiuiú, gostaria de expor singelas opiniões acerca desse estudo fonético pouco explorado pelos professores do meu lindo Brasil, quiçá pelos mestres do país de Camões. Assim como sugeri ao grande amigo Pestana, eis minhas conclusões:
    a) a separação silábica de tuiuiú, em se tratando da ocorrência de iodes e da constatação de que neste fenômeno a semivogal i se junta à vogal que a antecede, tem-se TUI-UI-Ú (assim como ba-lei-a, se-rei-a, i-dei-a);
    b) conforme imortais mestres da nossa língua portuguesa, cite-se Bechara e Câmara, a ocorrência de hiato dar-se-á com o encontro de vogal + vogal, não semivogal + vogal. Prova disso está presente no novo acordo ortográfico de 2009, em que a acentuação de palavras como Bocaiuva e feiura foi abolida graças ao bom Deus e ao Bechara;
    c)por que, afinal de contas, o tuiuiú e o Piauí (caso de vau = duplicação fonética do fonema u) são acentuados e considerados exceção à regra já que não são casos de hiato i-u? O fato de não serem paroxítonas não é o suficiente para elucidar os contrastes fonéticos, mesmo considerando as análises sincrônicas e diacrônicas. Então, considero que estamos analisando uma questão de importante distinção entre os regionalismos vastos presentes no Brasil e/ou a assimilação de vocabulário por estrangeiros;
    d) um falante que não saiba decerto a correta pronúncia de Piauí, poderia se equivocar, assim a pronunciando
    PI-A-UI, pensando se tratar de uma palavra oxítona, a qual, mediante regras de acentuação, não receberia acento agudo. O mesmo para TUI-U-IU. Perceberam? Só acho que este acento deveria ser classificado "DIFERENCIAL DE FORMAS NOMINAIS POR ASSIMILAÇÃO"...apenas uma sugestão, hein?!;
    e) se fossem paroxítonas, mesmo assim, não perderiam acento (PI-Á-UI, TUI-ÚI-U), por se tratar de palavras graves terminadas em ditongo. Mesma explicação para uma possível esdrúxula (PÍ-AU-I, TÚ-IU-U;
    f) o Becharinha só pecou, na minha opinião, por omitir tais elucidações.


    Que o amigo e mestre sugere? E mais: fui prudente em citar tais observações na minha gramática?

    Amplexos!

    Ricardo Hoffman - Belo Horizonte - Minas Gerais - Brasil

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