quarta-feira, 6 de maio de 2015

Há cento e sete anos...

      Ainda há dois dias vi esta cara (que não me é estranha).

    Aquando da visita ao Palácio de Mafra com alunos do 12º ano, pude (re)ver o retrato do nosso último rei: D. Manuel II, o Desventuroso. No cognome e no reinado, em tudo foi diferente daquele outro que a História tomou como o Magnânimo e um dos mais generosos monarcas. E se este último foi o que mandou erigir o convento de Mafra, o primeiro acabou por aqui viver uma das últimas noites do seu reinado.
    D. Manuel II (Manuel Maria Filipe Carlos Amélio Luís Miguel Rafael Grabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis Eugénio de Bragança Orleães Sabóia e Saxe-Coburgo-Gotha) foi o segundo filho do rei D. Carlos e de D. Amélia de Orleães. Nascido em Lisboa, em 15 de Novembro de 1889, foi aclamado rei ao sexto dia do mês de maio, corria o ano de 1908, sete dias após o regicídio que vitimara o pai e o irmão (o príncipe Luís Filipe).
   Pouco mais de dois anos resistiu a monarquia, apesar da popularidade que D. Manuel ainda conseguiu granjear, pela simpatia natural que tinha e/ou pela tragédia por que a família real havia passado.
    Exilou-se em Inglaterra (Fulwell House / Manor, Twickenham, nos arredores de Londres), ainda hoje com marcas da presença real portuguesa (o rei, a rainha-mãe D. Amélia e a esposa D. Augusta Vitória):

Minidocumentário sobre o último rei português.

   Sem sucessão, o rei sem trono morreu em Inglaterra, tendo as suas exéquias ocorrido em Westminster Abbey. O corpo regressaria a Portugal, com o governo de Salazar a autorizar a sepultura em Lisboa, no Panteão dos Braganças, no Mosteiro de São Vicente de Fora. Não tendo sido duque de Bragança (por não ser o filho primogénito), lá se encontra como o último representante da casa real nacional.

    Com a Implantação da República (5 de outubro de 1910), o último rei português saiu do Palácio das Necessidades, foi para Mafra e daí para a Ericeira, onde acabou por embarcar para o exílio. Aí tornou-se um bibliófilo assumido na organização dos livros portugueses mais tradicionais (nomeadamente, os exemplares dos livros nacionais mais antigos do século XVI).

Sem comentários:

Enviar um comentário