Podia referir-me, por certo, ao número terrível dos infetados.
Quase 27 mil é número assustador (e ainda se prevê mais para a primeira semana de janeiro)! Todavia, há mais uma epidemia a grassar nas notícias:
A prova da desgraça (no presente a referir-se ao futuro do conjuntivo)!
Quem escreve a nota para a SIC Notícias precisa seguramente de umas aulas de Português, para saber conjugar o futuro do conjuntivo de 'manter'.
Certo que há verbos em que a distinção é difícil de perceber pela forma da palavra - só a construção sintática a permite ('para trabalhar' > infinitivo / 'se trabalhar' > futuro do conjuntivo; 'para comprar' > infinitivo / 'se comprar' > futuro do conjuntivo; 'para correr' > infinitivo / 'se correr' > futuro do conjuntivo; 'para subir' > infinitivo / 'se subir' > futuro do conjuntivo). O mesmo não sucede com verbos marcados pela irregularidade ('para ir' > infinitivo / 'se for' > futuro do conjuntivo; 'para pôr' > infinitivo / 'se puser' > futuro do conjuntivo; 'para trazer' > infinitivo / 'se trouxer' > futuro do conjuntivo; 'para saber' > infinitivo / 'se souber' > futuro do conjuntivo). É o caso de 'ter' e 'manter'. Fosse a construção 'no caso de se manter' (o que seria desejável, para evitar a duplicação de 'se') e nada haveria a dizer; não foi, lamentavelmente, o cenário escolhido.
Portanto, 'se se mantiver' era o que devia ser lido, mas, para tal, era preciso que não se escrevesse mal (e quem escreve assim ou não fala diferente ou ignora regras gramaticais elementares - o que resulta, em qualquer dos casos, em erro declarado).
Temo que, no caso, a epidemia da ignorância da língua precise de uma vacina bem eficaz, para se superar a calamidade evidenciada. E não é só nas notícias!
Apesar de não saber tanta regra nem estar com a gramática na ponta da língua, já disse várias vezes que se me quiserem para rever os textos das notícias vou à borla. Pro bono. Mas acho que eles não querem.
ResponderEliminarApesar do mal ser grande e epidémico, as notícias escritas e faladas nos media são muito visíveis. Não há quem veja isto senão nós? Então e o brio profissional e a exigência de quem contrata, andam assim desmaiadinhos que até parece que vão cair redondos no chão. Ora bolas.
Que 2022, apesar de tudo que se anuncia, seja um ano de fim de epidemia. Que o vírus se porte como deve ser e fique por uma gripe sem espalhafato. Que já estou a fartar-me de tanta vacina, tanto braço espetado por agulhas, tanto gel desinfectante. E o mais.
Bom ano 2022
Efetivamente, pela regularidade e pela extensão do mal televisivo, chega a ser incompreensível detetar tanto erro. Lamentável!
EliminarUm ótimo 2022, bea!
Obrigado.