quarta-feira, 22 de julho de 2009

Do poder das imagens que a poesia tem

    É sempre bom saber que alguém vai entrando na "Carruagem 23": em estações ou apeadeiros, embarques, paragens, paradas,... não interessa... desde que participem na viagem e permitam muitas outras passagens. E a partilha, a que fico sempre grato.

     É neste espírito que transcrevo o teor de um mail que recupera a minha passada edição. Diz a Gabriela e bem: "A propósito do teu último post na Carruagem 23 lembrei-me deste vídeo, uma delícia!"
     Aqui está ele (o vídeo) ou ela (a delícia):


      Que dizer da "Poesia do Encontro", a não ser que a reflexão fabulosa de um Rubem Alves (relembrando Pessoa, Platão, Emily Dickinson) toca os poderes que a poesia tem: imagem, música, palavra(s), fantasia.     Encontros.
         Um encontro com Cecília Meireles:

Rei do mar

Muitas Velas. Muitos Remos.
Âncora é outro falar...
Tempo que navegaremos
não se pode calcular.
Vimos as Plêiades.
Vemos agora a Estrela Polar.
Muitas velas. Muitos remos.
Curta Vida. Longo Mar.

Por água brava ou serena
deixamos nosso cantar,
vendo a voz como é pequena
sobre o comprimento do ar.
Se alguém ouvir, temos pena:
só cantamos para o mar...

Nem tormenta nem tormento
nos poderia parar.
(Muitas velas. Muitos remos.
Âncora é outro falar...)
Andamos entre água e vento
procurando o Rei do Mar.

Cecília Meireles (1901-1964)

     Lugar ainda para a voz... e o olhar.
    Daí a citação e a sugestão de Dickinson: "Poética é a palavra que faz amor com o corpo. É uma palavra que vira corpo".

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