... para denunciar ou para libertar?
Pergunta semelhante é colocada na página da companhia de teatro 'Actus': "O luar põe em cena a morte de um homem. Criminoso ou herói?" A resposta encontra-se no texto: tudo depende da perspetiva, claro. Quem está no poder vê crime; quem sofre o abuso desse poder aspira à libertação.
Assim se deu a ler Felizmente Há Luar!, de Luís de Sttau Monteiro, na representação levada a cabo hoje na Academia de Música de Espinho, pelo grupo 'Actus', numa encenação de Tomé Vieira para o projeto 'Teatro para Escolas'.
Um palco vazio, cheio de peças de roupa espalhadas pelo chão e correntes suspensas no teto, dava-se a ver ao público que foi enchendo a sala.
Os (desesperançados) indigentes, os três reis absolutos e despóticos do Rossio, o interesseiro Vicente (a circular, a rodear os espectadores sentados, na sala, como se estivesse a espiar algum sinal a denunciar), as forças da opressão, a evocação de Gomes Freire de Andrade, a revoltada Matilde de Melo surgem aos sentidos físicos de um público expectante, que assiste a uma encenação ainda (e sempre) com a atualidade típica dos grandes textos, devolvendo ao Homem a pergunta do que ele quer ser no seu tempo. Repete-se a história, com outros contornos, sempre à espera de um grito libertador.
Montagem com fotos da encenação de Felizmente Há Luar!, pelo grupo 'Actus'
Não posso dizer que tenha sido a melhor das representações (até porque já vi melhor), mas não deixou de ser um momento capaz de desencadear um sincero aplauso e a vontade de cumprir a mudança.
São tantas as formas de opressão deste tempo democrático que há já quem fale na ditadura da democracia. Entre os resistentes, quem vestirá a saia verde que, na noite dos tempos, o luar iluminará?
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