A cada trinta de novembro, a evocação da data.
Já que o estudam, bem que os alunos podem receber a referência sobre esse criador de poetas: há 82 anos morreu aquele que agora estudam. Não foram, por certo, para eles estas palavras; porém, a quadra revela-se algo premonitória:
Sem o sentir nem saber...
Mesmo assim, isso me basta
P'ra ver um bem em morrer.
in Quadras, Lisboa, ed. Assírio Alvim, 2002, pág. 11
Interpretemo-la como expressão do prazer do autor a ladear o leitor, nessa vontade de aproximação que nem só de morte se faz, para bem de muitos.
No Ano da Morte de Ricardo Reis, de José Saramago, o morto está ao lado da sua criação, quando Pessoa visita Reis (o criador de "mãos dadas" com a figura criada), depois de a morte do primeiro, nos termos romanescos, ter sido razão forte para o heterónimo "atravessar o Atlântico depois de dezasseis anos de ausência" (op. cit. 1984, 6ª ed., pág. 325).
Neste jogo de aproximações, compõe-se o desafio à morte: porque lido e falado, Pessoa vive(u).
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