quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

Quando o tempo para

      Não será propriamente o tempo, mas o aparelho que o mede.

     Muitos foram já os usados, dos mais naturais (o sol, a água) aos mais construídos (o relógio de pulso e o digital, por exemplo). Polémicas são algumas ideias associadas à contagem do tempo; e, no que à educação diz respeito, a falta dele está a ser uma constante.
      Por isso, quando o relógio não funciona é como se o tempo parasse. Assim parece. Porém, este continua a correr. Percecionamo-lo nas mudanças que a natureza nos dá, na memória que se vai construindo, nas tecnologias que tornam tudo cada vez mais rápido (a ponto de a lembrança, o passado não ser frequentemente revisitado), na respiração que se prolonga, nos silêncios que perduram, nos ritmos e cadências de contínuas progressões sonoras, na sequência de instantes que progridem em intervalos mais ou menos alargados, no pensamento que flui num sentido completo (princípio-meio-fim), na consciência de vivências mais ou menos duradouras.
       Fica, então, o objeto sem a funcionalidade da medição do tempo. E, se para isso não serve, dê-se-lhe novo uso (novo na função e para um tempo outro, diferente):

 Era uma vez um relógio I (Foto VO)




















Era uma vez um relógio II (Foto VO)

     Os relógios deixaram de medir o tempo, mas, com tempo, passaram a ter um outro registo e função, mais decorativos, menos úteis para o tempo cronológico, mas talvez para sentir um outro mais psicológico. Uma outra experiência do tempo.

       Agora que a pausa se aproxima do fim, quis fazer uma ilusória tentativa de colocar o tempo nos gonzos (um pouco como no drama shakespeariano, mais precisamente no Hamlet, quando se constata que "O tempo saiu dos gonzos: Que maldição / que me deu ter por missão reordená-lo!").

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