Hoje de manhã tive a companhia de ilustres.
É preciso estar muito à frente!
De facto, estive à frente deles, sentado numa secretária, com um portátil ligado para contactar com o mundo exterior. Ninguém de fora, eu dentro e eles nas minhas costas.
Eça e Florbela atrás de mim (Foto VO)
Um lembrou-me a atualidade do pensamento:
in Portal da Literatura
A outra, com a chuva lá fora, ensinou-me o ...
Gosto de ti, ó chuva, nos beirados,
Dizendo coisas que ninguém entende!
Da tua cantilena se desprende
Um sonho de magia e de pecados.
Dos teus pálidos dedos delicados
Uma alada canção palpita e ascende,
Frases que a nossa boca não aprende,
Murmúrios por caminhos desolados.
Pelo meu rosto branco, sempre frio,
Fazes passar o lúgubre arrepio
Das sensações estranhas, dolorosas…
Talvez um dia entenda o teu mistério…
Quando, inerte, na paz do cemitério,
O meu corpo matar a fome às rosas!
in Charneca em Flor (1931)
Assim correu a manhã, sem que a tivesse feito por perdida. Entre as letras, não há tempo para solidão nem perdição.
Foi uma boa companhia, sim. Talvez esperasse por outra(s), mas estive entre os meus.
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