Tudo depende por onde se começa.
Cruzei-me (não sei se por oportunidade ou ironia do momento) com um livro intitulado Poemas do Bem e do Mal. O autor, Max Miliano (pseudónimo de Alan de Souza), propõe uma antologia poética em três capítulos, cada um dos quais a abrir horizontes para a espiritualidade e o lirismo, entre os vícios e as virtudes humanas, na busca de um equilíbrio entre forças ou energias (um pouco de yin e yang, de sombra e luz). Trata-se de poesia urbana (não sei se de urbanidade), de versos do mundo e de vida alternativos; de vida contemporânea, feita de bem e de mal - em contraste e em complemento.
Quero acreditar que o mal existe porque há o bem (e não o contrário). Pode ser crença, assumo; mas é bem mal que este último esteja no princípio de tudo. Mal gera mal; é tóxico. Bem, por princípio, dá lugar a novo bem, à predisposição para se ser (mais) feliz e fazer (mais) felizes os outros - um sentido de humanidade, portanto. Sei que o bem cansa e pode fazer com que alguns dele suspeitem (por o associarem a motivos outros que não o do próprio).
Gente que faz bem nunca devia ser chamada pelo bem que fez, julgada pelo mal que outros dizem ter sido feito. E se tal é dito é porque se desvaloriza o bem (intencionado) que houve, apostando no mal (insignificante) que nunca existiu e, por alguma razão, despropositadamente se sentiu.
Bem melhor seria que este mundo ficasse livre do mal. Já que tal parece ser difícil, procure-se (ver e ouvir) o bem para que o mal não resista nem persista.
No bem que se faz há que dirimir o mal. O mal não é bem que alguém queira (talvez seja levado a ele por uma desconfiança doentia).
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