domingo, 23 de maio de 2010

Uma voz fisicamente silenciada

     A morte é estado que abala qualquer mortal (quem perde a vida e quem vive com a perda).

    A notícia da morte de Beto soou, quebrando o aparente ritmo rotineiro dos dias. A música hoje compõe-se noutro estilo, para dar lugar à pesarosa despedida combinada com o tom de pranto pela perda de uma voz doce e rouca que se fazia ouvir, nos últimos tempos, na rádio e televisão com alguma frequência.
    42 anos de idade interrompidos por uma paragem cardio-respiratória; uma carreira em afirmação, com alguns momentos altos.
    Na memória, ficam várias melodias, uma delas muito apreciada e aclamada, numa parceria de sucesso:

"Brincando com o fogo" no dueto de Rita Guerra e Beto

    BRINCANDO COM O FOGO

Vem no fim da noite sem avisar,
dança no silêncio do teu olhar,
a chamar por mim, a chamar por mim.

Chega com a brisa que vem do mar,
brinca no meu corpo a desinquietar
como um arlequim, como um arlequim.

Chega quando quer e não quer saber,
nem do mal que fez ou que vai fazer,
é um tanto faz, crer ou não crer.

Chega assim,
cavaleiro andante,
louco e triunfante,
como um salteador,
p'ra no fim, nos deixar a contas,
com as palavras tontas que dissemos por amor.

E eu que jurei nunca mais cair
nesses teus ardis, nunca mais seguir
esse teu olhar, esse teu olhar.

De nada nos vale tentar fingir
para quê negar ou sequer fugir
desse mal de amar, desse mal de amar.

Chega quando quer e não quer saber
nem do mal que fez ou que vai fazer,
é um tanto faz, crer ou não crer.

   Duas vozes no jogo harmonioso das voltas que Rita Guerra e Beto souberam encontrar em vários eventos musicais (nomeadamente o da gravação de "Desencontros", em 2000).

     Uma voz subtraída a um dueto que fica gravado para a posteridade e para, a partir de hoje, se rever ao vivo eternamente em diferido.

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