Fui convidado a partilhar a leitura oralizada do primeiro capítulo do Memorial do Convento. Quinze minutos que fizeram a diferença deste dia.
Uma turma de 12º ano. Algumas caras conhecidas; e dois alunos meus dos tempos do ensino básico. Como estão crescidos, depois de três anos! Foi bom revê-los.
Lá expliquei muito brevemente como reagi às primeiras palavras do narrador, assim que li, pela primeira vez, este romance de Saramago (já lá vão muitos anos) - um dos meus preferidos (sem tirar lugar ao primeiro dos amores: O Ano da Morte de Ricardo Reis).
E, depois, a voz fez o resto.
De facto, não há retrato de realeza que consiga escapar a tanta ironia. Nada para levar a sério. E os risos foram surgindo. Mais uma vez, a figura do "Magnânimo" D. João V ficou reduzida à sua condição de ser risível (como tantos outros seres que hoje se arvoram de um poder que os torna também ridículos... e nem dão por isso!).
De facto, não há retrato de realeza que consiga escapar a tanta ironia. Nada para levar a sério. E os risos foram surgindo. Mais uma vez, a figura do "Magnânimo" D. João V ficou reduzida à sua condição de ser risível (como tantos outros seres que hoje se arvoram de um poder que os torna também ridículos... e nem dão por isso!).
Lá voltei eu a contribuir para a destruição da imagem real (numa cumplicidade com um narrador que apresenta uma visão, uma perspetiva muito crítica da História - num confronto entre a sátira aos dominadores e a epopeia do trabalho). Espero que, assim, descubram a grandiosidade do homem comum, que faz da vida o maior feito, o maior trono para "todos os nomes" (por mais incógnitos que fiquem / tenham ficado na História).
Convidei-os, então, a reler a relação de Baltasar e Blimunda: naturalidade, espiritualidade, religiosidade, vontade e humanidade. Antídotos para a "fantasia" e a ilusão de todos os tempos (e as do presente também).
Ainda bem que viajamos todos na mesma carruagem. Assim é mais fácil a partilha. Obrigada
ResponderEliminarBjs
Glória