quarta-feira, 1 de junho de 2011

Junho não começa bem...

     Na memória dos tempos românticos, este foi o dia do desespero (para citar o título de um filme de Manoel de Oliveira).

     A fuga romântica, a constatação do insuportável e do insuperável não deixam ver além do muro.
     Entre infortúnios, inconformismos, certamente perguntou, mais do que uma vez, Onde está a Felicidade? (narrativa publicada em 1856). Entre Lisboa e São Miguel de Ceide (ou Seide), passando por Vila Real, Ribeira de Pena e o Porto. Talvez em nenhum dos locais.
       As escolhas foram sempre difíceis, algumas discutíveis aos olhos de um tempo que fazia do adultério (ou das influências dos traídos) motivo de prisão e, no caso concreto, condição para a própria criação romanesca.
      Em Camilo Castelo Branco sobressai a passionalidade, a revolta, o retrato de costumes, a espontaneidade dos registos linguísticos, a construção romanesca feita de personagens que, no contraste social e nas cumplicidades oportunas, criam laços solidários, alternativos às convenções e aos preconceitos do tempo.
     Este repete-se no balanço de uma cadeira, num avanço e recuo constantes, numa espécie de autismo à vida, pelo culto à morte.

     1 de Junho de 1890 - chegava o fim antecipado, o gesto ousado a dar lugar ao nada, ao vazio, à negação. Restava a coragem dos que ficavam para suportar a dor da perda. Ficou a herança de uma escrita que se revê a todo o tempo e momento, sempre que qualquer leitor o quiser.

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