Na memória dos tempos românticos, este foi o dia do desespero (para citar o título de um filme de Manoel de Oliveira).
A fuga romântica, a constatação do insuportável e do insuperável não deixam ver além do muro.
Entre infortúnios, inconformismos, certamente perguntou, mais do que uma vez, Onde está a Felicidade? (narrativa publicada em 1856). Entre Lisboa e São Miguel de Ceide (ou Seide), passando por Vila Real, Ribeira de Pena e o Porto. Talvez em nenhum dos locais.
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As escolhas foram sempre difíceis, algumas discutíveis aos olhos de um tempo que fazia do adultério (ou das influências dos traídos) motivo de prisão e, no caso concreto, condição para a própria criação romanesca.
Em Camilo Castelo Branco sobressai a passionalidade, a revolta, o retrato de costumes, a espontaneidade dos registos linguísticos, a construção romanesca feita de personagens que, no contraste social e nas cumplicidades oportunas, criam laços solidários, alternativos às convenções e aos preconceitos do tempo.
1 de Junho de 1890 - chegava o fim antecipado, o gesto ousado a dar lugar ao nada, ao vazio, à negação. Restava a coragem dos que ficavam para suportar a dor da perda. Ficou a herança de uma escrita que se revê a todo o tempo e momento, sempre que qualquer leitor o quiser.
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