segunda-feira, 20 de junho de 2011

Um hotel... de quantas estrelas?

     Não é de estranhar que um hotel apresentado como de cinco estrelas, afinal, fosse de quatro.

     Por mim, no que toca à utilização da língua, dar-lhe-ia bem menos.

Um hotel a precisar de certificação linguística (Fotografia VO)

  Em dia de exame de Língua Portuguesa (9º ano), no qual os alunos tiveram que manifestar conhecimentos sobre casos críticos da língua (como a conjugação verbal do verbo 'obter' no pretérito perfeito simples do indicativo; de 'trazer' no futuro do indicativo; de 'parar' no pretérito imperfeito do conjuntivo; de conjugações pronominais no condicional), diria que bem precisava este hotel de umas explicações suplementares para ter sucesso nas comunicações e/ou na publicidade que faz.
    Assim, registe-se que:
i) as formas verbais conjugadas na primeira pessoa do plural seguidas de pronominalização apresentam a queda do 's' final ('preocupamo-nos'; 'comprometemo-nos');
ii) o determinante possessivo ('seu') só é grafado com maiúscula em contexto de referência a uma entidade divina e da religião cristã católica (o que não é caso do humilde cliente, qualquer que ele seja);
iii) o termo 'estadias', mais adequado a barcos, seria de substituir por 'estadas';
iv) 'Por favor' deverá ser seguido de vírgula;
v) a utilização de uma subordinada não finita ('Colocar este cartão na cama' / 'Colocando este cartão na cama') não pode fazer esquecer que ela funciona sintacticamente como sujeito; daí a impossibilidade de utilização de vírgula antes de 'significa'; 
vi) é grave escrever 'água' com acento grave (só os casos de contracção da preposição 'a' com o determinante artigo definido 'a[s]' ou os demonstrativos 'aquele[a][s]', 'aquilo' o admitem).
    Enfim. É verdade que a versão em inglês (também) não é das melhores; porém, o exemplo em português é deplorável.

   É por situações destas que seria bom dar emprego a pessoas com formação linguística para este tipo de anúncios / comunicados. A não ser assim, lembro uma amiga e um dos seus ditos para avaliar, irónica e humoristicamente, pérolas como esta da nossa língua: "Para isto só tenho um adjectivo: gostei!"

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