domingo, 5 de fevereiro de 2012

Depois de sábado...

     O domingo nasceu triste, com notícia que dá sufoco.

     Tudo tão rápido, tão breve...

    
     Breve
     a vida de quem serve
     e que nos tempos que perde
     vê a dádiva, a entrega que sempre alguém pede

     Breve
     o cruzar de um sorriso, o chamamento, a sede
     de ajudar... assim o viu quem a teve
     por companhia e segue
     com a lembrança leve,
     serena, afetiva, sorridente de quem se atreve
     a partilhar o bem, ainda que nele pouco haja quem se enleve

     Breve
     o instante da morte,
     a rapidez do corte
     na vida, feita também de exemplos sem sorte...
     E logo emerge a injustiça e o choque
     por saber que a partida ruma a um norte,
     sem despedida, mas deixando bem forte
     a viagem, o reencontro sem passaporte

     Breve...
                 ... ou tarde
     qualquer um de nós se inscreve
     nesta vida com um fim...
                                          ... breve?

     É dia de sol, com um vento que ameaça de frio quem não está sob os raios de luz que aquecem os corpos.

     O frio está mais dentro do que fora.

6 comentários:

  1. Ao ler-te, nasceram-me saudades do poeta...eterno.
    Aqui te deixo, em jeito de "prenda".

    Beijinho
    M.Céu


    "Tão cedo passa tudo quanto passa!
    Morre tão jovem ante os deuses quanto
    Morre! Tudo é tão pouco!
    Nada se sabe, tudo se imagina.
    Circunda-te de rosas, ama, bebe
    E cala. O mais é nada."

    R.Reis

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    1. Obrigado, Maria do Céu.
      Entre tristezas e algumas alegrias a vida lá se vai cumprindo, sempre lembrando que "Tão cedo passa tudo quanto passa".
      Circundemo-nos de rosas, por mais que elas tenham espinhos e também murchem!
      Beijinho.

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  2. Vítor,

    Belo e breve é o teu poema. Calma e doce é a imagem. Felizmente a arte ajuda a tornar tudo menos efémero.

    Um beijinho
    Dolores

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  3. Quando inspirada em boas pessoas, a arte (será isto arte?)só poderá resultar bem.
    Obrigado.
    Beijinho.

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  4. Vítor, só agora vi esta tua magoada despedida!
    E deixo aqui uma mágoa breve, que nunca será igual à tua, à da Céu nem à da Dolores, porque o meu encontro com ela foi muito mais breve do que o vosso!
    Até sempre!
    bjinhs
    IA

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    1. Zazá,

      Uma despedida magoada; a lembrança de uma voz que não chamava em surdina, mas, sim, na força da alegria com que nos revia; a certeza de um reencontro na terra ou no mar...
      Na missa de sétimo dia (imagino o que terá sido no dia do funeral) foi bem claro como ela conseguia estar com tanta gente.
      Em suma, uma pessoa querida aos que, pouco ou muito, conviveram com ela.
      Bj

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