De tão comum que é o termo, a história (da língua) dá-lhe uma outra visão.
Alguém coloca uma dúvida que diz ser existencial. Seja! A bem da existência (duvido, logo existo).
Q: Dúvida existencial: podemos considerar cápsula como um exemplo de extensão semântica, uma vez que o seu significado se expandiu em relação ao étimo latino?
Sistematização in CARDOSO, Ana et al. (2011: 25) - Com Textos 11, Porto, Asa
R: Enquanto processo irregular de formação de palavras tratado no âmbito da lexicologia, entende-se por extensão semân-tica a aquisição de um novo significado por parte de uma palavra ou expressão, face a realidades e contextos novos que criam necessidades de designação, referência (e que conduzem ao recurso de termos já existentes na língua).
Se considerarmos o sentido etimológico de 'cápsula' (termo proveniente do latim, capsula, com o significado de 'pequena caixa'), houve já extensão semântica quando se passou a designar desse modo o formato do glóbulo gelatinoso ingerível que encerra um medicamento (para um domínio mais específico); o invólucro metálico que cobre a parte cimeira do gargalo de uma garrafa (para um objeto chamado de tampa, carica - ou chapinha, para os brasileiros -, que nada se parece com caixa); a parte principal tripulada de uma aeronave (que, por mais caixa que pareça, para ser tripulada, deve ser algo bem maior do que 'pequena').
Ainda há pouco tempo (cerca de três anos) foi noticiada a iniciativa de afundar memórias do Porto em alto mar, para serem desvendadas em 2112. Assim se depositaram livros, fotos, joias, brinquedos, poemas, garrafas de vinho, utilitários dos nossos dias e de outros já passados, dentes, cabelos e outras coisas mais no que se chamou uma cápsula do tempo. Também esta era enorme e lá está no reino de Neptuno à espera do próximo século.
Não falei ainda das cápsulas de detergente da louça ou da roupa (que dão muito jeito), nem das de café (que tanto aprecio). Muito menos dos vasos arredondados dos laboratórios de química. É tanta a extensão semântica quanto o plasma (matéria física moldável) ser também líquido onde se encontram os glóbulos do sangue e da linfa ou um ecrã de aparelho televisivo "fino".
Não falei ainda das cápsulas de detergente da louça ou da roupa (que dão muito jeito), nem das de café (que tanto aprecio). Muito menos dos vasos arredondados dos laboratórios de química. É tanta a extensão semântica quanto o plasma (matéria física moldável) ser também líquido onde se encontram os glóbulos do sangue e da linfa ou um ecrã de aparelho televisivo "fino".
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