Pergunta-me um aluno por que motivo "para" deixou de ter acento.
Não! Não é o "para" preposição ou conjunção (que nunca teve acento gráfico).
É o verbo "parar" mesmo, na sua forma conjugada do presente do indicativo (terceira pessoa do singular) ou na do imperativo (segunda pessoa do singular). Para não se confundir com as configurações anteriores, antes tinha acento gráfico; com o Acordo Ortográfico (AO), deixa de o ter. Diz-se que, pelo contexto, serão feitas as devidas distinções. Mesmo assim, em termos de processamento de leitura, não será uma questão tão pacífica - conforme já o indiquei em apontamento anterior -, por concorrer com outras palavras graficamente afins.
Uma razão na base do desaparecimento do acento está associada ao facto de "para" ser uma palavra grave. Tipicamente, tais palavras não são graficamente acentuadas na língua portuguesa, pois partilham com ela a propriedade fónica de base (a tonicidade grave).
E, se mais não houvesse, uma razão maior (?!) assiste a toda a mudança: a decisão política para um normativo que alguém disse ser importante para a projeção internacional da língua, para a economia de meios e para a estabilização do relevo que o idioma tem já no mundo.
Entre o ser e o dizer, a distância é grande. Assim, mais vale ficar pelo motivo linguístico mais consistente (porque as razões políticas são, no mínimo, mais do que dúbias).
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