quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Não é ordinário... é extra

     De novo a formação de palavras, com um caso extraordinário.

     O pedido surgiu pela manhã, em mensagem de telemóvel:

     Q: "Extraordinário. Formação de palavras? Por favor."

    E a resposta seguiu, na consciência de que é preciso considerar e preparar bem os exemplos, conforme já foi apontado neste blogue.
Reprodução de uma página do 
Dicionário Houaïss de Língua Portuguesa
      R: A palavra 'extraordinário' aparece na língua portuguesa pelo século XV, vinda já formada do latim, conforme o prova uma consulta de um dicionário etimológico ou com informação morfológica e etimológica. O Houaïss é um exemplo. Lá está a indicação de que a palavra vem de 'extraordinarĭus'. Trata-se, portanto, de uma palavra base que registou apenas alguns processos de evolução fonética, à semelhança de outros casos (como 'impossibilidade', por exemplo).
   Naturalmente que a consciência sincrónica dos falantes permitirá segmentar a palavra em duas partes (extra + ordinário); todavia, só os contributos especializados da etimologia e da história da língua permitirão ver 'extra' como um prefixo de origem latina (tal como Lindley Cintra e Celso Cunha o apontam na sua Nova Gramática do Português Contemporâneo [Edições João Sá da Costa, 1984, pág. 87]) e entender que foi no idioma do Lácio que houve derivação por prefixação. No português, não foi assim.

       Mais um caso em que nem tudo o que parece é. Mais um caso em que não seria desejável trabalhar exemplo tão crítico, quando há outros bem mais pacíficos na sua regularidade morfológica. Mais um caso que não deveria surgir num manual escolar (e certificado)!

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