Quando se fala do que não se sabe dá nisto!
Uma coisa é a brincadeira ou a comédia, num registo em que quase tudo vale (mesmo que nem sempre se aceite):
Imagem do "Bom Português" (programa difundido hoje na RTP1, às 07:23)
Outra bem dife-rente é a situação objetivada na informação e no ensino de alguma coisa. Caso para dizer que, assim, é preciso ter "cuidado com a língua" (só para citar um título de um outro programa televisivo preocupado com o uso correto da mesma). Isto de a repórter / entrevistadora ir perguntando aos transeuntes se 'antissocial' é uma ou são duas palavras nem ao diabo lembra. E já nem falo de o hífen (sinal gráfico) ser designado como "um traço". Pior ainda é quando, por indução de quem lhes faz a pergunta, quase todos os entrevistados repetem "duas palavras" (veja-se os dois dedinhos da interlocutora, na imagem, a evidenciar o dito). Lamentável, em toda a ordem!
Se o cómico do excerto fílmico resulta pelo facto de todos saberem que 'im' não é uma palavra (por mais que a personagem a apresente como tal), é triste que alguém ligado a um programa orientado (pretensamente) para o "bom português" esteja a pensar (e a dizer) que 'anti' é uma palavra. Por mais variáveis que sejam os critérios para a definição desta última, não é aceitável o desconhecimento de que 'anti' é um afixo, constituinte morfológico tipicamente usado no processo de derivação e colocado à esquerda de uma base derivante. Não se trata de uma palavra composta, definitivamente.
Antissocial é, efetivamente, uma palavra complexa derivada de uma base ('social') à qual se adicionou o prefixo ('anti').
É impressionante (uma palavra complexa derivada por sufixação, registe-se, já agora) como a televisão contradiz tanto professor de Português. Logo, não é serviço público de bom exemplo para ninguém. E não se pode dizer que seja a primeira vez!