Por mais publicações que se façam sobre o assunto, a vox populi tem a força e os limites que lhe queiram dar (pelo menos, enquanto não houver uma orientação concertada para a implementação do acordo).
Q: Então, para ficar a saber melhor, sempre é verdade que o 'h' vai desaparecer das palavras?
R: Ignoro a fonte dessa informação, sendo por certo que o grafema 'h' não vai desaparecer tão generalizadamente como se parece sugerir, pelo menos no que à ortografia diz respeito.
Permito-me retomar o Acordo Ortográfico de 1945 para relembrar uma área que, na altura, já se revelava crítica: a da ortografia com 'h'. Convencionou-se, então, que:
i) "O h inicial emprega-se: 1.°) por força da etimologia; haver, hélice, hera, hoje, hora, humano; 2.°) em virtude de tradição gráfica muito longa, com origem no próprio latim e com paralelo em línguas românicas: húmido, humor; 3.°) em virtude de adopção convencional: há?, hem?, hum! Admite-se, contudo, a sua supressão, apesar da etimologia, quando ela está inteiramente consagrada pelo uso: erva, em vez de herva; e, portanto, ervaçal, ervanário, ervoso (em contraste com herbáceo, herbanário, herboso, formas de origem erudita). Se um h inicial passa a interior, por via de composição, e o elemento em que figura se aglutina ao precedente, suprime-se: anarmónico, biebdomadário, desarmonia, desumano, exaurir, inábil, lobisomem, reabilitar, reaver, transumar. Igualmente se suprime nas formas do verbo haver que entram, com pronomes intercalados, em conjugações de futuro e de condicional: amá-lo-ei, amá-lo-ia, dir-se-á, dir-se-ia, falar-nos-emos, falar-nos-íamos, juntar-se-lhe-ão, juntar-se-lhe-iam. Mantém-se, no entanto, quando, numa palavra composta, pertence a um elemento que está ligado ao anterior por meio de hífen: anti-higiénico, contra-haste, pré-história, sobre-humano."
ii) "Os digramas finais de origem hebraica ch, ph e th conservam-se íntegros, em formas onomásticas da tradição bíblica, quando soam (ch=c, ph=f, th=t) e o uso não aconselha a sua substituição: Baruch, Loth, Moloch, Ziph. Se, porém, qualquer destes digramas, em formas do mesmo tipo, é invariavelmente mudo, elimina-se: José, Nazaré, em vez de Joseph, Nazareth; e se algum deles, por força do uso, permite adaptação, substitui-se, recebendo uma edição vocálica: Judite, em vez de Judith."
Entretanto, aquilo para que o novo acordo (já com dezanove anos) aponta, neste capítulo, é o seguinte:
"1º) O h inicial emprega-se: a) Por força da etimologia: haver, hélice, hera, hoje, hora, homem, humor; b) Em virtude da adoção convencional: hã?, hem?, hum!.
2º) O h inicial suprime-se: a) Quando, apesar da etimologia, a sua supressão está inteiramente consagrada pelo uso: erva, em vez de herva; e, portanto, ervaçal, ervanário, ervoso (em contraste com herbáceo, herbanário, herboso, formas de origem erudita); b) Quando, por via de composição, passa a interior e o elemento em que figura se aglutina ao precedente: biebdomadário, desarmonia, desumano, exaurir, inábil, lobisomem, reabilitar, reaver.
3º) O h inicial mantém-se, no entanto, quando, numa palavra composta, pertence a um elemento que está ligado ao anterior por meio de hífen: anti-higiénico/ anti-higiênico, contra-haste, pré-história, sobre-humano.
4º) O h final emprega-se em interjeições: ah! oh!".
Conclui-se, pela leitura comparativa, que aqui não há alterações substanciais relativamente ao que a tradição ditou.
Termino com um pequeno ensaio do português "acordado": não sei se fui completamente correto na explicação (muito preciso de aprender para satisfazer esse objetivo e para me adaptar à nova escrita, negando esta forte herança de utilizador da língua escrita, já com cerca de quatro décadas); contudo, seria ótimo que adotasse uma forma eficaz para evitar o erro ortográfico e, assim, não incorrer nessa posição suscetível de ter de cumprir várias correções nos meus textos (pois, os que os leem esperam ter neles um bom exemplo). Cumprido o ensaio, volto ao que, no momento, é lei (o acordo de 1945). Correcto?