sexta-feira, 25 de outubro de 2024

"Passei por aqui"

      Ontem e hoje...

     As palavras citadas podiam ser as do Dr. Pacheco Pereira, que, no Auditório Maria Ricardo da escola-sede do Agrupamento de Escolas Dr. Manuel Laranjeira (AEML), presenteou o público (alunos, professores, antigos companheiros de percurso de vida e profissional) com a presença, a palavra, o pensamento de um homem da política; da intervenção e colaboração com a media; dos livros e das bibliotecas; da filosofia e da História; da educação (enquanto professor que foi / é); da liberdade.
     A convite da Coordenadora da Biblioteca do Agrupamento Dr. Manuel Laranjeira, assistiu-se a um diálogo, um ponto de encontro, uma conversa que ocupou parte da tarde dos presentes, num registo pautado pela cordialidade, pela familiaridade, pode dizer-se por alguma informalidade, também com a colaboração do jornalista e espinhense Mário Augusto (curiosamente, um dos alunos do convidado especial). Sem a "Quadratura do Círculo" ou "Janela Indiscreta", programas televisivos protagonizados, respetivamente, por Pacheco Pereira e Mário Augusto, ambos proporcionaram uma comunicação feliz entre o inspirador e o memorialista. 
    Aos jovens estudantes que também o(s) interpelaram, foram dados exemplos de um tempo que, felizmente, não vivem (a época anterior ao 25 de abril); conselhos para um futuro que se constrói com o saber, o estudo e o trabalho; apontamentos de um pensamento político marcado pela evolução, pela aprendizagem, pelo compromisso com o bem público (no sentido mais etimológico de 'política'), mesmo que este tenha cambiantes próprios de uma visão social feita do contexto e das contingências do tempo e da vida.
     Hoje integrando a Escola Básica Sá Couto, o Agrupamento de Escolas Dr. Manuel Laranjeira recebeu um dos seus professores de Português e de História nesse estabelecimento de ensino, na década de setenta do século passado, mas com a memória bem presente do vivido pela luta da liberdade - o que o fez ser agraciado com a Grã Cruz da Ordem da Liberdade (9 de junho, 2005), pelo Presidente da República de então, Dr. Jorge Sampaio. 
     Na partilha dessas vivências e memórias no presente, ficam as notas de que as conquistas não são dados definitivamente adquiridos; de que tanto mais valor se dá às coisas quanto mais experienciadas elas são; de que as convicções são construções que decorrem de formação, aprendizagem, leitura, contacto com o mundo real; de que ler, saber algo é garantidamente uma mais-valia para o percurso pessoal, social, profissional, político de qualquer ser humano.

Apontamento no blogue Ephemera sobre a presença do Dr. José Pacheco Pereira no AEML

      Enquanto detentor da maior biblioteca privada nacional - de que o blogue Ephemera é registo, arquivo documental difusor -, o homem de livros e de histórias que o Dr. José Pacheco Pereira é constituiu forte motivo para também se refletir sobre a leitura e os diferentes suportes que a fomentam; o domínio da língua e do vocabulário rico e expressivo, que não cabe no imediatismo de um dispositivo pequeno para a grandiosidade da inteligência humana, natural, feita também de um sentir que os "companheiros do tempo e da profissão" ajuda(ra)m a (re)criar pelos sorrisos e abraços efusivamente partilhados.
      No âmbito das atividades do AEML, que neste ano letivo se aglutinam no pensamento e no tema "(Rumo aos) 50 anos: do Liceu Nacional de Espinho ao Agrupamento Manuel Laranjeira", recebeu-se hoje um professor e um aluno da antiga Escola Sá Couto; não se esqueceu que, no ano letivo anterior, "74:24: o que cabe em 50 anos" foi tema para celebrar o 25 de abril, cujos valores de liberdade, democracia e participação importa alimentar ontem, hoje e sempre, a cada dia de cidadãos interessados em preservar conquistas que dignificam o ser enquanto elemento de uma comunidade.

      De uma conversa se fez uma grande lição, abrilhantada também pelo canto lírico de um poema de Sophia: "Liberdade"; pela presença de antigos professores e antigas diretoras das escolas do agrupamento; pela curiosidade e pelo compromisso de todos os que, no presente, caminham rumo ao futuro que se quer também feito de esperança.
      

quarta-feira, 9 de outubro de 2024

Final de tarde outoniça

     Com tanta notícia de quedas, acidentes e tempestades,...

   Antes de me fechar em casa, no sossego e no conforto que algum descanso possa trazer, fui ao encontro dos sinais de um outono fresco e húmido, arejado, livre de paredes, papéis, obrigações e monitores que nos limitam a alma.
     Foi então que o vi entalado entre as nuvens e o oceano agitado:

Ave, céu, nuvem, sol e mar num tempo outoniço acabado de chegar (Foto VO)

    Tirei a foto, fixei-o nessa imagem: um foco de c(al)or e luz sobre o horizonte, sob um manto de sombra a deslizar lenta, leve e silenciosamente, enquanto ruidosas ondas se atiravam para o areal.
      Uma gaivota foi apanhada. Nela ficou, num recanto e nas alturas que um par de asas conquistou.

      ...há que aproveitar alguma luz e colher a vontade de voar.

sábado, 5 de outubro de 2024

Muitos vivas!

       Nada mais a dizer!

       Resumiria o dia de hoje a três vivas, extensivos a muitos homens e mulheres, atendendo ao muito que fizeram / fazem e ao que, há dois anos, escrevi e mantenho válido:

       . Viva Portugal!
       . Viva a República!
       . Viva os Professores!

       Fica o registo sem imagens, só com as palavras que merecem a simplicidade da celebração.
      Pelo último "Viva", muitas razões poderiam ser listadas (também já o fiz o ano passado e vale a pena repetir a quem as tem corporizado).

       Porque estamos vivos e porque alguns que já não estão muito fizeram para o presente a que se chegou e ao muito que há para preservar, dando futuro.

quinta-feira, 3 de outubro de 2024

A precisar de açúcar...

    Logo eu que o devo evitar!

    Olho para o pacote de açúcar (há-os com muita sabedoria) que me oferecem com o café e...


    Penso neste mundo que apela à paz e só cria guerras (Paciência!)
    Penso num tempo que se encurta a cada instante (Paciência!)
    Penso na maravilha que desilude, se revela sufocante (Paciência!)
    Penso nos lugares e nas pessoas que perdi, outras eras (Paciência!)
 
    Penso como aqui cheguei, em desassossego, sem querer (Paciência!)
    Penso na chuva que o céu dá e a terra quer, mas incomoda (Paciência!)
    Penso no dia que não chega para o tanto que há a fazer (Paciência!)
    Penso no fim de semana que está para chegar, mas demora (Paciência!)

    Penso naquilo que dizem que só que falta e que já é muito (Paciência!)
    Penso no urgente que anunciam com bastante antecedência (Paciência!)
    Penso nos muitos que são, num instante tornados poucos (Paciência!)
    Penso no prazer pensado, roubado por uma real iminência (Paciência!)

    Penso no sol que se foi e tornou as angústias mais frias (Paciência!)
    Penso na manhã cinza que anuncia noite rapidamente mais escura (Paciência!)
    Penso no cansaço sem o alento ou o tempo do merecido descanso (Paciência!)
    Penso na chávena que terá de multiplicar-se noutra, futura  (Paciência!)

    Penso no sorriso que vai disfarçar a o desgaste, a saturação (Paciência!)
    Penso na força que só vou encontrar nalguns, entre razão e coração (Paciência!)
    Penso que tenho de me despachar, pagar e no trabalho entrar (Paciência!)
   Penso que, no vaivém de tanta lida, terei apenas lembranças do mar (Paciência!)
    
     Depois de tanto pensar,...

    ... levo-o comigo porque preciso DELA (qual é a coisa, qual é ela, que até na foto parece desaparecer?)
      A precisar de me inspirar e de a inspirar (segundo o pacote).