O sol põe-se, a noite vem e o céu ainda se pinta de fogo.
É comum, na Granja, haver este espetáculo de luz e cor(es) no prenúncio da noite. Olhar para a linha do horizonte é perscrutar essa ânsia de buscar o longe, de rumar ao desconhecido. Contemplar o céu no múltiplo colorido que o pôr do sol e a noite trazem é desejo de voar, de me libertar da terra, de ascender ao calor que o neblinado instante ameaça apagar. De tão único, singular, nessa hora que todos os dias acontece, o momento inspira(-se) e o fragrante iodado refresca o pensamento, seco e gasto neste enleio de vida tantas vezes sem asas.
Queria ter sido o pintor desta tela feita de rochedo, mar, céu e nuvens; de sol fugidio, a esconder-se da lua e das estrelas. Traçaria um ângulo de luz a separar o negrume dos rochedos, banhado pela maré vaza, de um céu manchado de nuvens e de azul a escurecer.
O fio-de-prumo do horizonte seria linha de bruma, fiada de mar.
Fica o registo fotográfico para memória das cores de um final de dia (ou do quadro que teria pintado se a inspiração e o sol não fugissem).
O fio-de-prumo do horizonte seria linha de bruma, fiada de mar.
Fica o registo fotográfico para memória das cores de um final de dia (ou do quadro que teria pintado se a inspiração e o sol não fugissem).